Governo do CE sinaliza mudança em local de usina de dessalinização

cabo submarino

As operadoras de telecomunicações receberam a sinalização de que o Governo do Ceará finalmente decidiu mudar o local da Usina de Dessalinização na Praia do Futuro. A nova localização é ainda próxima do local em que estão instalados os principais data centers e cabos submarinos, mas sem riscos de cruzamento de infraestrutura ou danos em casos de imprevistos.

A nova localização, distante 560 metros do local original da usina, ainda não está formalmente oficializada, mas a expectativa é que possa haver um anúncio público da solução pacificadora ainda na próxima semana, com a presença das autoridades e associações envolvidas.

A crise estabelecida em 2023 em função do projeto da usina da Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Ceará) contrapôs dois interesses públicos distintos, mas igualmente relevantes. De um lado, um projeto de uma usina de dessalinização importante para a população cearense e que pretende assegurar o abastecimento de Fortaleza com água potável. De outro, a segurança da infraestrutura já existente de cabos submarinos na Praia do Futuro, um dos maiores centros mundiais desse tipo de infraestrutura crítica.

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Além disso, há muitos anos o governo do Estado tem se beneficiado no desenvolvimento econômico gerado pela infraestrutura de cabos no local, o que atraiu data centers, CDNs e outras estruturas essenciais a serviços digitais. Mas a presença da usina, por si só, tornaria o local muito menos atraente a investimentos dessa natureza, justamente pela avaliação de risco.

Estes riscos inerentes ao projeto da usina fizeram com que as operadoras de telecomunicações se mobilizassem. Em um determinado momento, uma das operadoras, a Claro, chegou a afirmar publicamente que o projeto "colocava em risco o próprio funcionamento da Internet no Brasil", nas palavras do seu vice-presidente de assuntos institucionais Fábio Andrade. A mobilização envolveu Ministério das Comunicações, Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e até mesmo o Ministério da Defesa, pelos riscos a uma infraestrutura crítica para o funcionamento da Internet.

A Telcomp, associação que representa as principais empresas de telecomunicações competitivas e algumas empresas importantes de cabos submarinos e data centers, passou a municiar a Anatel com estudos técnicos e análises sobre os riscos do projeto, ao lado da Conexis, que representa as grandes operadoras. Foi um dos raros momentos em que o setor de telecom, em toda a sua diversidade de empresas, esteve alinhado em torno de uma preocupação única.

O tema precisou ser arbitrado politicamente, e ao que tudo indica chegou-se a uma pacificação. Aguarda-se para esta semana a conclusão das propostas técnicas e o anúncio oficial.

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