O presidente Lula defendeu a soberania na governança de dados no Mercosul durante seu discurso na Cúpula do bloco regional, que aconteceu nesta segunda-feira, 8, em Assunção, Paraguai.
"A governança regional de dados no Mercosul é vital para nossa soberania futura e para o desenvolvimento da Inteligência Artificial", declarou. O presidente ainda disse que "é preciso habilitar a região a desenvolver capacidade própria de coletar, processar e armazenar dados, insumo fundamental para avançar no desenvolvimento tecnológico e na digitalização da indústria regional".
Na ocasião, Lula destacou a necessidade de "uma integração regional profunda", baseada no trabalho qualificado e na produção de ciência, tecnologia e inovação para geração de emprego e renda.
Além disso, o discurso também abrangeu a adesão plena da Bolívia como um "enorme valor estratégico", que faria do bloco ator incontornável no contexto da transição energética.
"Somos ricos em recursos minerais e possuímos abundantes fontes de energia limpa e barata. Temos tudo para nos tornar um elo importante na cadeia de semicondutores, baterias e painéis solares", declarou.
Para o presidente, os benefícios do processamento desses recursos devem ficar nos próprios países e deve-se, para tanto, formar uma aliança de produtores de minerais críticos.
Cúpula do Mercosul de 2024
Esta foi a 64ª edição da reunião de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, um encontro de líderes dos países integrantes do acordo regional. Participam, além do Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e Bolívia – que selou definitivamente o acordo de entrada neste ano. A Venezuela está suspensa do grupo.
Além do destaque para incorporação da Bolívia como sexto membro do bloco, a edição marca também a passagem da presidência temporária do grupo do Paraguai para o Uruguai.
Um marco dessa cúpula do Mercosul foi a ausência do presidente argentino, Javier Milei, que decidiu na semana passada que não prestigiaria o encontro. Foi a primeira vez que um chefe de Estado não comparece à cúpula do bloco, segundo o Itamaraty.
Precedeu o encontro, no dia 7, a 64ª Reunião Ordinária do Conselho do Mercado Comum (CMC), órgão decisório de nível ministerial.
A intenção do Mercosul é tornar os países participantes em financiadores de um regime político soviético na América Latina. Quem não concorda com isso óbvia e legitimamente deve boicotar a iniciativa.