Vivendi decidiu: SFR fica com a Numericable

A Bouygues bem que tentou, mas ao final do prazo de três semanas de negociações que deveriam ter sido exclusivas com a Numericable, o conselho da Vivendi bateu o martelo e fechou a venda da SFR para operadora de cabo e banda larga do grupo Altice.

Notícias relacionadas
No sábado a Vivendi anunciou que, após revisar os resultados da negociação com o grupo Numericable/Altice, bem como as ofertas e cartas e documentos do grupo Bouygues, o seu conselho supervisor decidiu, por unanimidade, pela oferta da Numericable, "que corresponde ao projeto industrial de maior potencial de crescimento, gerando valores mais altos para seus consumidores, empregados e acionistas".

A escolha pela combinação da subsidiária de telefonia móvel da Vivendi, que é a segunda maior em base do mercado francês com a operadora de cabo e banda larga não se deu apenas pela possibilidade de uma estratégia quad-play, mas também era a que representava o menor risco regulatório por não reduzir a quantidade de players móveis do mercado da França. Vale lembrar que a Bouygues Telecom é a terceira tele móvel francesa e a combinação com a SFR deixaria o mercado francês com três operadoras. "Todos os especialistas consultados concluíram que a oferta da Altice/Numericable apresenta os riscos mais baixos à competição. SFR e Numericable não estão presentes nos mesmos segmentos de mercado e suas atividades são complementares", diz a Vivendi em comunicado. A estimativa é de que o negócio seja concluído no quarto trimestre de 2014.

Valores

A Bouygues, em sua última oferta, chegou a oferecer 15 bilhões de euros em dinheiro, mais uma participação de 10% na nova empresa combinada, além de um pagamento de 500 milhões de euros caso o negócio não recebesse as aprovações regulatórias necessárias e fosse desfeito. De acordo com a Bouygues, esses valores combinados com ganhos de sinergia trariam o negócio para o patamar de 17 bilhões de euros.

Mas, segundo a Vivendi, a oferta escolhida, a da Numericable, chega também nesse valor de 17 bilhões de euros.

Em conference call nesta segunda, 7, o CEO do grupo Altice, Dexter Goei, explicou que serão 13,5 bilhões de euros em dinheiro, financiados por um aumento de capital da Numericable de 4,7 bilhões de euros (dos quais 74,6% serão subscritos pela sua controladora Altice) e os outros 8,8 bilhões de euros serão levantados através de emissão de títulos de dívida. A Vivendi ficará com 20% da joint-venture resultante da combinação entre os negócios de SFR e Numericable e terá direito a veto no conselho em matérias que possam afetar sua participação financeira na nova empresa. O grupo Altice deterá 60% da nova empresa e os outros 20% serão pulverizados no mercado.

Há ainda um pagamento adicional à Vivendi de 750 milhões de euros quando a joint-venture atingir em um ano fiscal, uma relação de EBITDA menos o Capex de pelo menos 2 bilhões de euros. "O pagamento deverá ser feito nos seis meses seguintes à divulgação do resultado financeiro anual, e se dará uma única vez quando o patamar for atingido, num período de duração de dez anos", detalha Goei.

A Vivendi não poderá se desfazer de sua participação por pelo menos um ano e, após esse período o grupo Altice terá direito de preferência se a Vivendi quiser realizar a venda dos ativos no mercado. A Altice também poderá exercer o direito de compra da participação da Vivendi em três janelas: em 1,5 ano, poderá adquirir 7% das ações da Vivendi pelo valor de mercado; em 2,5 anos, outros 7%; e em 3,5 anos, os 6% restantes.

Persistência

Mesmo sabendo da escolha da Vivendi, a Bouygues Telecom informou nesta segunda, 7, que submeteu outra proposta pela SFR no sábado, 5, elevando a oferta para 15,5 bilhões de euros em dinheiro e reduzindo para 5% a participação da Vivendi na joint-venture resultante da combinação das operadoras móveis e "sem restrições de liquidez nesses ativos". A Bougues entende que a decisão da Vivendi abre apenas um novo período de negociações exclusivas.

A fusão entre SFR e Numericable só reforça o movimento presente em toda a Europa de fusão entre operadoras móveis e operadoras de TV a cabo e banda larga. Em Portugal, Zon e Optimus se uniram. Na Espanha, Ono e Vodafone. Na Alemanha, Kabel Deutscheland e também a Vodafone. Na Inglaterra, a transação foi entre Virgin Media e UPC (Liberty Global). Fora as operadoras de cabo que se tornaram operadoras virtuais de telefonia móvel.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!