Para tele japonesa, TV no celular ainda não tem modelo de negócio

De todos os painéis sobre novos conteúdos do MIP TV, feira de programação que acontece até esta sexta, dia 7, em Cannes, um em especial tem relação direta com o momento atual sobre a definição do padrão da TV digital aberta no Brasil. Foi a apresentação de Takeshi Natsuno, VP sênior e diretor geral de serviços multimídia da maior operadora japonesa de telefonia móvel, a NTT DoCoMo (com 50 milhões de clientes). O executivo foi o keynote speaker desta quinta-feira no evento. O Japão, detentor do padrão ISDB – o preferido dos radiodifusores brasileiros – acaba de estrear as transmissões em TV aberta para terminais móveis.
"Não temos um modelo de negócios muito claro", afirmou Natsuno, explicando para uma platéia acostumada aos padrões europeu e americano que, por opção política, o Japão oferece TV aberta no celular de forma gratuita e simultânea à transmissão fixa dos broadcasters. "Os modelos são diferentes; o broadcasting é para as massas", disse. Ele explicou também que, dada a falta de receitas, é difícil subsidiar a venda de handset para o usuário. "Temos de descobrir um modelo de negócios", afirmou, "mesmo porque a TV não divide a sua receita de publicidade com a operadora". A tele é ela mesma um das grandes anunciantes da TV aberta no Japão, explicou Natsuno.
Operadora pioneira no serviço de internet por celular ? a NTT DoCoMo tem 46 milhões de usuários com acesso à internet via telefonia móvel, o que gera receitas de US$ 2 bilhões em conteúdos. De acordo com o executivo, a maior parte deste faturamento vai para os próprios provedores de conteúdo.

Notícias relacionadas

Audiência

O prime time (horário nobre) da TV aberta vista pelos japoneses no celular, conforme mostrou Natsuto, tem sido a hora do almoço, muito provavelmente por quem estaria no trabalho. Ainda, a operadora detectou um grande número de usuários que assistem à TV enquanto falam ao telefone.
A partir do próximo sábado, dia 8, a NTT DoCoMo começa a oferecer também o conteúdo dos canais fechados, a TV paga multicanal via satélite. Takeshi Natsuno disse a este noticiário que, por se tratar de um serviço novo, ele não tem como dimensionar a receptividade e o mercado. Mas um dos apelos do serviço de canais pagos via satélite será a oferta de canais de áudio – o rádio ainda não foi convertido ao padrão digital no Japão.

Interatividade

Embora não esteja ainda claro o seu modelo de negócios, entre as possibilidades de oferta de conteúdo relacionado com TV aberta por parte da operadora, o executivo da NTT DoCoMo mostrou ser possível à empresa de telefonia disponibilizar e vender dados em separado. Como exemplo, estão algumas informações sobre determinadas atrações em tela fora da freqüência da TV – por exemplo, ao assistir um show da TV aberta, o usuário cai para uma tela fornecida pela operadora com informações extras. Há ainda os guias eletrônicos de programação de TV, muito demandados no Japão, onde segundo o executivo os mais jovens não buscam estas informações nos jornais, simplesmente porque não os compram.

Desafios

Para o executivo da NTT DoCoMo, a possibilidade de download do conteúdo da TV aberta deve acontecer, quando negociadas e resolvidas as atuais questões de direitos autorais – os usuários poderão no futuro utilizar o aparelho como um DVD portátil móvel, armazenando o conteúdo da TV aberta, durante a noite, por exemplo, para assistir depois.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!