Embora a expectativa geral para o ano que se inicia traga ainda incertezas geradas pela crise financeira internacional, a visão de analistas de mercado é que as operadoras de telecomunicações terão resultados ainda melhores do que os obtidos em 2008. Parte desse otimismo se deve ao fato de que o setor tem se mostrado bastante imune aos efeitos da crise, ao contrário de outros segmentos econômicos, como de bens de consumo ou de commodities, cuja demanda tem se retraído desde setembro. "Foi um dos setores que mais se segurou. Isso se deve à característica de elevada geração de caixa das empresas", analisa Luciana Leocádio da Ativa Corretora.
Outro fator para a análise otimista dos especialistas do mercado financeiro é que tanto o mercado móvel quanto fixo continuam aquecidos com o aumento contínuo da base de assinantes móveis e da crescente demanda pelos serviços de banda larga. "Ainda pode haver melhora na margem (margem Ebtida) principalmente das operadoras móveis, apesar da competição", afirma um analista que prefere não se identificar. Segundo ele, os movimentos de aumento da competição como a entrada da Oi em São Paulo e da Vivo no Nordeste não devem ser suficientes para brecar esse "pequeno e gradual" aumento da margem Ebtida das teles.
A analista Beatriz Batelli do Banco Brascan concorda. Para ela, a companhia que deve apresentar resultados mais otimistas é a Vivo, "que tem conseguido aliar crescimento da base com crescimento de margem Ebtida". No caso da TIM, a analista acredita que a empresa apresentará uma margem apenas um pouco superior à de 2008, por conta do aumento de competição. Os especialistas ainda citaram que a operadora controlada pela Telecom Italia deverá reforçar as ações de redução de custos, principalmente administrativos. E também redução de inadimplência, problema enfrentado pela operadora em 2008 que levou à contratação de uma consultoria para melhorar os critérios de análise de crédito dos produtos anunciados em programas de televendas.
No segmento de TV por assinatura, a grande expectativa é pela resolução do impasse em torno da cobrança ou não do ponto extra. Beatriz Batelli afirma que as ações da Net sofreram muito no ano passado por causa dessa "dúvida regulatória". "Se a Anatel decidir suspender a cobrança, é positivo para a empresa".
Outros analistas no mercado apostam que as empresas de TV paga manterão a pressão competitiva sobre o mercado de banda larga e telefonia, sobretudo devido à possível inércia da Oi, que terá que focar esforços na consolidação da Brasil Telecom, pelo menos no médio prazo. Já a Telefônica deve expandir ainda mais sua presença no mercado de TV por assinatura.