Brasil TecPar mira fusão ou chegada de investidor estratégico em 2024

Gustavo Stock, da Brasil TecPar

Empresa que mais cresceu a base de assinantes na banda larga em 2023, a Brasil TecPar está vislumbrando a chegada de um investidor estratégico ou uma combinação de negócios com outra operadora competitiva como próxima etapa de seu plano de expansão.

A estratégia foi abordada pelo CEO da Brasil TecPar, Gustavo Stock, em entrevista exclusiva ao TELETIME. "Concluímos [em 2023] um plano de dez anos e o objetivo para 2024 é buscar um parceiro financeiro relevante, uma combinação de negócios ou, a depender, até mesmo um IPO", revelou o executivo.

As duas primeiras alternativas são consideradas mais prováveis, dada a avaliação de que o País ainda não está no melhor momento para aberturas de capital. A hipótese de um investidor interessado no mercado brasileiro representaria mudança importante, visto que a TecPar nunca contou com aporte de fundos de investimento – ou um "pai rico", nas palavras de Stock.

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No caso da combinação de negócios, a Brasil TecPar revela diálogo com praticamente todas as companhias competitivas dentro da área considerada estratégica (Sul, Sudeste e Centro-Oeste). Assim, a possível fusão poderia mirar tanto uma "otimização de densidade" em mercados onde a empresa já é forte quanto uma abordagem mais expansionista, para novos estados.

"Com qualquer uma das empresas haveria sinergias, e faríamos negócios com todas", apontou Stock (mas notando que o projeto do grupo não envolve o Nordeste). De acordo com ele, um trunfo da TecPar seria a presença no Centro-Oeste, inclusive como líder de mercado no Mato Grosso. "Todas competitivas querem chegar lá e nós temos esse ouro".

Seja qual for o caminho escolhido, a empresa já está nos preparativos para o próximo passo. A operadora deve concluir ainda neste primeiro semestre o registro de companhia aberta categoria B e também está emitindo rating corporativo. "Até maio ou junho devemos estar prontos para a chegada do nosso 'pai rico' ou para a combinação", projetou o CEO.

Consolidação

"Até 2027 queremos estar entre as cinco maiores operadoras do Brasil", apontou Gustavo Stock, na conversa com TELETIME. Um dos fundadores da companhia, ele lembra que a trajetória da empresa remonta a 1995, com início da atuação no interior do Rio Grande do Sul ainda na época da Internet discada.

O crescimento das operações – hoje reunidas nas marcas Amigo (para o mercado residencial) e Ávato (no B2B) – levou à criação da holding Brasil TecPar em 2020, com os primeiros movimentos fora do mercado gaúcho em 2021. Um projeto estratégico de dez anos foi encerrado no final de 2023, com expansão nacional em ritmo mais rápido do que o inicialmente previsto.

Uma das principais consolidadoras seriais do País – são 52 operações fechadas desde 2015 – a empresa atua hoje em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, além do Rio Grande do Sul. A entrada em MG se deu no ano passado, a partir da aquisição da Blink. A operação de R$ 370 milhões foi considerada por Stock a maior envolvendo empresas competitivas.

As aquisições seguem no radar, com oito negócios mapeados e precificados para 2024, revelou o CEO. A empresa ainda conta com uma incubadora – a Prepar – que dá suporte e realiza pré diligências ao lado de mais de 100 provedores nacionais, que somam cerca de 2 milhões de clientes. Paraná, Espírito Santo, Goiás e Distrito Federal são mercados analisados pelo grupo.

Números e B2B

Em 2023, as aquisições permitiram que a Brasil Tecpar crescesse em 85% sua base de assinantes, passando de 343 mil clientes em 2022 para 634 mil ao final do ano passado. As redes saltaram de 44 mil km para 65 mil km (alta de 48%), ao passo que as casas cobertas (HPs) com fibra chegaram a 4,3 milhões, ante 2,7 milhões (59% de crescimento no ano).

Os números também resultaram em crescimento nas receitas, que atingiram em 2023 a marca anualizada de R$ 1 bilhão. Segundo Stock, embora a Brasil Tecpar seja a oitava empresa independente de fibra óptica em número de assinantes, sua receita seria a quinta ou a sexta dentre a categoria de provedores de banda larga.

O diferencial seria a atuação consolidada no segmento corporativo (B2B), hoje responsável por 30% da receita total e capaz de impulsionar para R$ 160 a receita média por usuário (ARPU) da holding, de acordo com o CEO. Entre os ativos da Brasil TecPar estão data centers em Joinville (SC), Porto Alegre e Cuiabá; a empresa atende grandes grupos como Mercado Livre, JSL e Shopee.

"Nós somos operários de um setor que está constantemente em obras. Viemos de longe, a pé e temos todos os ingredientes para ser uma nova big telco no País", completou Gustavo Stock.

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