Convergência: em todas as bocas e becos do Futurecom

Como não poderia deixar de ser, o tema que mais provoca emoções no momento é a convergência tecnológica e de serviços, e isso pode ser notado claramente nos corredores da Futurecom, que acontece esta semana em Florianópolis.
A convergência está intimamente ligada à questão da regulação dos serviços: quem pode fazer o que, onde e em que condições.
Na manhã desta terça, 3, Aloizio Byrro, vice-presidente da Siemens, e Francisco Perrone, vice-presidente de planejamento estratégico e assuntos regulatórios da Brasil Telecom, abordaram o assunto em um painel.

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Byrro começou afirmando que havia pensado em denominar sua palestra de "convergência tecnológica versus convergência regulatória". ?Mas fui aconselhado a não provocar?, disse. Pode até ser, mas quem começou a provocação, e logo na abertura do evento, foi o próprio ministro das Comunicações, Hélio Costa, pedindo que o segmento pense concretamente na possibilidade de alterar o modelo de telecomunicações no País.
Quando se trata de uma alteração deste porte, o primeiro movimento da regulação deve ser feito pelo próprio Congresso Nacional, tomando a tarefa de discutir com os diversos segmentos interessados. A necessidade de lançar mão de um mediador é apresentada por Byrro usando a imagem da superposição das placas tectônicas (os três segmentos que se sobrepõem no mercado) que, ao se deslocarem, provocam o terremoto com conseqüências certamente danosas. É um momento em que certamente os guardas de trânsito, representados pelo órgão regulador, exercem uma função essencial para manter os usuários dos serviços com vida.

Até lá…

As experiências pontuais vão se sucedendo. O vice-presidente da Siemens acredita que de todas as convergências atualmente em exercício, a mais adiantada é a convergência fixo-móvel. Mas há outros exemplos importantes, alguns tão significativos e tão disseminados que são inclusive esquecidas, como as mensagens SMS, o push-to-talk ou os sistemas de localização em celular.
Byrro citou números: dos 100 milhões de usuários do site YouTube, 2,6 milhões estão no Brasil; em dois anos, o Skype multiplicou por dez os seus usuários no País. Na medida em que as antigas redes vão sendo substituídas por redes de nova geração, a convergência será quase uma ?fatalidade?, mesmo sem regulação, pontua o executivo. De qualquer forma, existem elementos que precisam ser considerados: a abrangência da regulação, o nível de padronização tecnológica, o ciclo de vida de cada um dos produtos, a rede a ser utilizada e o tipo de competição que será desejada ou permitida. Nesse sentido, o órgão regulador precisa ser forte técnica e politicamente para dar conta de trabalhar num ambiente com tanta complexidade e diferenças, pontua o executivo. Em relação aos competidores, Byrro alerta: ou se sentam à mesa para discutir entre si e com os organismos de governo ou irão desaparecer do mercado. O panorama atual em relação aos grandes players é uma realidade em que todos estão entrando em todos os ambientes (fixo, móvel, banda larga, televisão, video-on-demand, internet e até call center). ?Na medida em que um mercado começa a se enfraquecer, a tendência natural do competidor é ocupar os espaços dos demais. Quem ficar somente com a voz vai perder valor?, afirmou. O dirigente da Siemens alerta para a necessidade de discutir com cuidado o estabelecimento de agências reguladoras únicas, a defesa da competição (evitando que competição demais acabe matando todos os competidores) e a separação entre redes e serviços como a promovida pela agência reguladora Ofcom no Reino Unido.

Brasil Telecom

Francisco Perrone começou sua apresentação na Futurecom afirmando que comparecia para prestar contas das promessas feitas pelo presidente da empresa no evento do ano passado. Segundo ele, as empresas de telecomunicações como um todo têm o maior conjunto de clientes de todos os setores da economia no Brasil: 170 milhões de usuários. A tendência é oferecer uma única rede (baseada em protocolo IP) para oferecer todos os serviços com maior flexibilidade e otimização dos processos e custos operacionais. A arquitetura de rede da BrT carrega todos os tipos de serviço dentro da mesma estrutura. Não há mais redes dedicadas a serviços, o que, segundo Perrone, pode ser considerado como uma etapa importante no desenvolvimento da empresa. ?No caso da Brasil Telecom, estamos substituindo a rede antiga para a rede de multiserviços, para transformar a convergência em um negócio sólido?, disse o executivo. A empresa trabalha com o conceito de one-stop shopping, com uma força de venda única. A empresa atua ainda no oferecimento de facilidades para complementar a utilização dos serviços, incluindo o próprios terminais, afirmou.

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