A invenção da fibra óptica pelo físico indiano Narinder Singh Kapany, na década de 50, e o aprimoramento da tecnologia nos anos 70, quando a Corning reduziu em quase 10 mil vezes a taxa de atenuação da potência, viabilizando desta forma o sistema para a transmissão de dados em longas distâncias, são considerados os dois divisores de águas da indústria mundial de fibras ópticas.
Segundo o cientista norte-americano Peter Schultz, a indústria caminha para que a tecnologia óptica dê mais um importante passo evolutivo a fim de atender as crescentes necessidades por capacidade de transmissão nos próximos 20 anos. Esse upgrade ampliaria em dez vezes a capacidade dos atuais sistemas de 100 Gbps, ou seja, para a casa dos terabits. "Alguns fabricantes, como a Furukawa, Alcatel-Lucent e Corning, estão desenvolvendo em laboratório uma nova geração de fibras ópticas", revelou o cientista, que é um dos integrantes da equipe da Corning que aprimorou a fibra óptica na década de 70.
Segundo ele, há três ideias atualmente em desenvolvimento para aplicação em grandes links de transmissão, como cabos submarinos e backbones. A primeira é de uma fibra óptica com múltiplos núcleos (atualmente cada fibra possui apenas um núcleo) sem o aumento do diâmetro atual da capa externa do cabo, de 125 micron. "Uma fibra com dez núcleos teria capacidade de transmissão dez vezes maior do que uma fibra mononúcleo", explica. A segunda possibilidade é a de utilização de múltiplos modos de transmissão. "Pode-se integrar, neste caso, até 100 modos de luz (lambdas) em uma única fibra", diz. A outra ideia é a mais inusitada, que é a de substituir o vidro por ar no núcleo da fibra. "Esse núcleo seria como uma colmeia, com vários feixes de ar. Cada feixe de ar transmitiria um lambda", diz.
Laser
Schultz comentou também a respeito das novas fibras a laser, em desenvolvimento, que devem ser utilizadas não só em telecomunicações, mas também em telemedicina e na indústria automobilística. Além de ampliar a capacidade de transmissão, essa nova tecnologia reduz o custo consideravelmente operacional, pois requer menor potência e menos manutenção, além de contar com um design simplificado.
Há dois laboratórios desenvolvendo as fibras a laser, o SPI Laser, no Reino Unido, e o IPG, nos Estados Unidos.
O cientista é membro do Conselho da Optical Fiber System (OFS), da Furukawa, e esteve presente na convenção que a empresa realiza com seus parceiros comerciais na Ilha de Comandatuba, Bahia.