O acordo para a transferência da base de clientes da Oi TV para a Sky marca uma mudança muito significativa na estratégia da Sky, e pode ser a semente de uma parceria maior entre as duas empresas. O detalhe que chama a atenção da operação é que a Sky está levando, no pacote, cerca de 80 mil clientes de IPTV da Oi. É preciso cuidado com a nomenclatura das coisas para não se entender errado o que está acontecendo. O IPTV é, tradicionalmente, o serviço de TV por meio de redes de fibra, mas que funcionam em plataformas dedicadas, com funcionalidades muito parecidas com as operações de TV a cabo convencionais.
A confusão surge porque, atualmente, a sigla IPTV é utilizada para designar as caixinhas que recebem sinais de TV pela Internet, que funcionam em qualquer rede de banda larga. O que a Sky está assumindo é esta base de assinantes de vídeo em uma plataforma dedicada de IPTV que a Oi tem, o que por si só é uma mudança importante, pois até aqui a Sky operava os serviços de TV apenas por meio de satélite, com algum conteúdo não-linear do Sky Play via banda larga nas caixas conectadas.
Outro serviço que a Sky comercializava era banda larga por meio de uma rede TDD-LTE (4G) na faixa de 2,5 GHz, para acesso fixo-móvel (FWA). Porém, este serviço está em processo de desativação por não ser tecnologicamente competitivo com a fibra (as velocidades não superam 10 Mbps) e pelo custo regulatório (a Anatel cobra valores elevadíssimos pelo uso do espectro para uma tecnologia que não é viável economicamente).
Mas a Sky tem planos de ampliar a sua oferta de serviços banda larga e tudo indica que a V.tal e a Oi são suas parceiras preferenciais. Possivelmente estes acordos serão costurados para o fechamento da venda da operação de DTH. A Sky tem um produto bastante maduro de TV paga pela banda larga, o DirecTV Go, e a tendência é que sua oferta de banda larga venha combinada com a oferta do DirecTV Go.
Esta seria uma possibilidade também para a Oi. Sabe-se no mercado de TV paga que a Oi TV vem trabalhando em um serviço de streaming remodelado, tanto que recentemente deixou de comercializar o Oi Play (seu primeiro serviço de streaming). Mas o lançamento deste novo serviço vem sendo adiado, o que coincide com as negociações com a Sky. Fica no ar a possibilidade de que esse produto já surja de maneira combinada com a estratégia da Sky, mas segundo apurou este TELETIME, as conversas ainda não estão fechadas nesse sentido e todas as possibilidades estão abertas.
O resumo da ópera é o seguinte: a Oi se livrou do custo imediato de programação, e a Sky ganhou uma base de assinantes importante e abriu uma nova frente estratégica. Mas no futuro as estratégias podem convergir. Vale lembrar que a Oi e a Sky são, agora, duas operadoras de telecomunicações com ofertas complementares de serviço, mas incompletas individualmente. A Sky tem o foco apenas no serviço de TV, e a Oi tem o foco no serviço de banda larga por fibra. E agora, com a conclusão da venda da Oi Móvel, nenhuma delas tem serviços móveis.