'Queremos negociar em igualdade de condições', diz José Félix, sobre big techs

José Félix, presidente da Claro

"Queremos negociar em condições de igualdade com as big techs. Hoje, estamos em uma situação de desvantagem", diz José Félix, presidente da Claro, em conversa com a TELETIME durante o MWC 2024, que acontece esta semana em Barcelona.

Segundo Félix, hoje o Brasil tem uma regra que dá uma vantagem imediata às empresas de Internet, que é a regra da neutralidade de rede, estabelecida pelo Marco Civil da Internet. "Eu sento para negociar mas o outro lado já sabe que eu não posso fazer nada porque a legislação não permite: não posso cobrar, não posso melhorar a qualidade, não posso bloquear, não posso diferenciar…", diz. Para o presidente da Claro, o ideal é que se estabelecessem regras justas e isonômicas de negociação.

"Eu já consegui acordos com algumas empresas. Temos bons acordos para distribuir Netflix e Globoplay para nossos clientes de TV. Foi benéfico para os dois lados e um avanço", diz ele, exemplificando que tipos de parcerias são possíveis entre o setor de telecomunicações e empresas de Internet e que atenuariam as assimetrias competitivas entre os dois setores.

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Ele também cita as parcerias no uso das plataformas de cloud, mas reclama da assimetria de regras de uma maneira geral. "No setor de telecom, nós temos que fazer ofertas de atacado para os nossos concorrentes. Existe uma regra para isso. Por que não existe esse tipo de regra para o nosso relacionamento com as empresas de Internet que consomem muito a rede?", questiona.

Para José Félix, o caminho de criar um imposto para as empresas de Internet não deve ser a única solução, porque é mais um recurso que vai para o Tesouro e que não trará necessariamente benefícios diretos para o setor. "O melhor caminho é o da negociação", diz ele. A linha similar ao que defende José Félix está o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, que em debate durante o Painel Ministerial do MWC 2024 também disse considerar a neutralidade de rede como um fator que cria um privilégio comercial para as empresas.

Félix disse que concorda com a abordagem que está sendo adotada pela GSMA e que foi manifestada pela Telefónica durante o evento, pedindo uso responsável e sustentável da rede. "Eu acho que é preciso sim haver uso responsável das redes e dos recursos escassos, mas essa é uma visão complementar ao que eu estou falando. Eu quero condições isonômicas para sentar e negociar [com os grandes usuários da rede]", diz ele.

Sobre o MWC 2024, Felix considera que o evento trouxe um avanço em relação a anos anteriores, com aplicações mais palpáveis do 5G para uso B2B e B2C e tecnologias de casa conectada. Ele concorda que a indústria ainda tem um desafio de rentabilização do 5G, e que a discussão sobre o 5G Advanced precisa partir de modelos que assegurem receitas para as operadoras. "Mas estou gostando do que eu vi aqui", disse Felix.

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