Labriola, da TIM, usa experiência no Brasil como exemplo para operadoras na Europa

Pietro Labriola, presidente do Grupo TIM, durante o Mobile World Congress 2023, em Barcelona

Para o presidente mundial do Grupo TIM, Pietro Labriola, que até o ano passado era presidente da TIM no Brasil, as operadoras de telecomunicações na Europa passam por um momento crítico.Segundo ele, com o aumento da inflação e dos custos de energia no continente, as operadoras estão se vendo diante de uma pressão crescente sobre os custos de operação; as receitas estão estáveis ou declinantes na maior parte dos casos; e a pressão por investimentos em 5G ou na ampliação das redes fixas para dar suporte ao aumento do tráfego de streaming e aplicações digitais é cada vez maior. O executivo foi um dos palestrantes do segundo dia do Mobile World Congress 2023, que acontece esta semana em Barcelona. 

"Só sabemos que não podemos ficar parados e não fazer nada", diz ele, enfatizando que essa realidade é mais dura na Europa, mas é comum a outros mercados também. Uma das urgências, na visão de Labriola, é a redução da carga regulatória. "Temos obrigações criadas 20 anos atrás, quando éramos incumbents e não havia competição". Hoje, segundo ele, não apenas o mercado de telecom é muito mais competitivo, sobretudo na Europa, onde é comum haver quatro ou cinco operadoras móveis, fora as MVNOs, como é crescente a concorrência de serviços OTT.  Para Labriola, a cobrança sobre as empresas de Internet não significa taxá-las ou impor regulação, mas fazer com que elas participem da mesma responsabilidade de manter as redes capazes de dar conta do tráfego de dados. "Todas as transformações e inovações não acontecem se não tivermos empresas de telecomunicações rentáveis". 

Além de uma mudança na abordagem regulatória, Labriola diz que as empresas precisam se reinventar, e expôs o modelo que ele desenhou para a companhia: uma unidade dedicada ao Brasil, que segundo ele é hoje rentável e responsável pelas margens do grupo; uma unidade voltada ao consumidor, que segundo ele precisa ser completamente reinventada; uma unidade empresarial, que também precisa se modernizar; e uma unidade independente de rede, que terá investimentos de fundos de investimento. 

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"Nosso mercado de consumidor precisa ser completamente repensado porque não gera caixa, porque tem muitos competidores. Precisa haver consolidação", disse Labriola. 

Ele também usou exemplos de iniciativas que a TIM Brasil adotou como exemplos para o que as operadoras europeias devem fazer. "Precisamos encontrar formas diferentes. No Brasil, começamos a oferecer nossas capacidades, como nossa capacidade de atendimento e pontos de venda para parceiros, com uma participação nos negócios", disse, citando a parceria com o C6 Bank, considerada exitosa. Labriola não fez referência à briga judicial com o C6, mas é sempre bom lembrar que essa disputa não se dá porque o modelo foi ruim, mas porque ele deu muito certo e as partes passaram a discordar da participação. "A gente não precisa de respostas que reafirmem o passado, mas sim precisamos olhar o futuro. É hora de ter coragem", disse Labriola.

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