Empresa promete dinheiro fácil para quem aceitar propaganda em celular

"Ganhe recebendo SMS no celular! Quantos SMSs você recebe por dia? Seria um problema receber um SMS a mais em troca de um grande produto? Seria um problema receber SMS que te mantém informado de ofertas ou serviços do teu interesse? A resposta a estas simples perguntas é não! Então cadastre-se logo na PAYSMS. A única coisa que você tem que fazer é ler as mensagens que chegam, sem precisar fazer outra coisa".
É com essas palavras que a empresa cearense Dase Comércio e Representações Ltda procura conquistar, através de seu site, autorizações (opt-ins) para envio de propaganda para celulares. Por cada mensagem de propaganda que receber em seu telefone, a promessa é de que o usuário será remunerado em R$ 0,06. O serviço estimula cada usuário a convidar outras pessoas para participar. Cada mensagem que um indicado seu receber, o usuário ganha R$ 0,04. Cada SMS para um indicado de um indicado vale R$ 0,03, e assim sucessivamente, até quatro níveis de distância. A partir de R$ 50 acumulados, é possível solicitar o resgate do dinheiro, que pode ser depositado diretamente na conta bancária do usuário. A iniciativa, intitulada "PaySMS", é classificada pela empresa como "marketing multinível", algo parecido com as antigas "pirâmides financeiras". O site está hospedado no endereço www.paysms.com.br.
Para se cadastrar, o usuário precisa assinar um contrato e preencher um cadastro. Uma cópia precisa ser enviada pelo correio ou por email. O cadastro solicita uma série de informações pessoais que, em tese, serão usadas para segmentar as campanhas dos anunciantes. O cadastro pede, entre outras coisas: idade, escolaridade, faixa de renda etc. Esquece, porém, de um dado muito importante para embasar campanhas de mobile advertising: áreas de interesse do consumidor.

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Sem opt-out

Cadastrar-se no programa parece fácil. Mas sair talvez não seja. Uma cláusula do contrato garante que ele pode ser rescindindo a qualquer momento por ambas as partes "desde que haja prévio aviso à outra parte". O difícil, porém, é falar com a Dase. TELETIME News enviou dois emails esta semana para endereços eletrônicos disponíveis no site da empresa e não recebeu resposta. No site "PaySMS" não consta nenhum telefone. Já no site da Dase (www.dase.com.br) aparecem os contatos de "distribuidores" do serviço em alguns estados do Brasil. TELETIME News conseguiu falar com dois distribuidores: um de São Paulo e um do Mato Grosso do Sul. O primeiro disse que estava fora do escritório e que mandaria mais tarde o telefone da Dase em Fortaleza. O outro disse que existe uma ordem do presidente da Dase para que seu telefone não seja informado para ninguém de fora da empresa. Nem pelo serviço de auxílio à lista telefônica foi possível descobrir o número: pelo nome da companhia o telefone está indisponível e se a consulta é feita pelo endereço da Dase em Fortaleza a atendente informa que não consta nenhum número. "O opt-out tem que ser fácil e acessível de várias formas, inclusive através de SMS enviado do celular do usuário", explica o chairman da Mobile Marketing Association (MMA) no Brasil, Federico Pisani. O contrato da Dase não discrimina como poderia ser feito o "opt-out". Aparentemente, a empresa não conta com nenhum mecanismo para que no cancelamento pudesse ser feito do próprio celular. Os distribuidores contactados afirmaram apenas que é possível rescindir o contrato facilmente pela internet.
Vale lembrar que a Dase não é associada à MMA, embora use em seu site uma notícia sobre a criação da associação para promover a idéia de publicidade no celular e, logo, seu projeto "PaySMS". A empresa também não se cadastrou no Guia de SVA deste ano publicado pela Converge Comunicações e que lista mais de 350 empresas do setor.

Exterior

A Dase utiliza gateways no exterior para o envio das propagandas. Uma mensagem logo na tela de abertura do site indica isso: "Atenção usuários Vivo e Claro: você, usuário dessas operadoras, que ainda não recebeu SMSs ligue para o atendimento e peça o desbloqueio do recebimento de SMSs enviados do exterior. É seu direito, é totalmente grátis". No site da Dase encontram-se dois logotipos de integradores internacionais expostos no canto inferior direito: Agile Telecom e Mobyt. Ambos ficam na Itália.
No Brasil, é uma praxe de mercado consultar as operadoras antes de se realizar qualquer campanha de mobile marketing. A Dase, porém, preferiu não fazer isso. "Não precisamos avisar as operadoras brasileiras. Quem envia as mensagens são operadoras internacionais", disse o distribuidor do Mato Grosso do Sul.

Distribuidores

Além de angariar "opt-ins" de consumidores, a Dase oferece também vagas para "distribuidores", pessoas autorizadas a procurar por conta própria empresas interessadas em enviar propaganda pelo sistema PaySMS. Para ser um distribuidor e receber um "kit de adesão" é preciso pagar uma taxa de R$ 599. O kit de adesão inclui um pacote de 500 mensagens que podem ser distribuídas de brinde para potenciais clientes e um programa chamado "UltraSMS", para disparo de mensagens de texto. Cada SMS de propaganda enviado para a base de "opt-in" do sistema PaySMS custa R$ 0,50.
O distribuidor de São Paulo informou a TELETIME News que já conseguiu convencer algumas pizzarias e uma empresa de ração animal a enviar mensagens de texto para a base PaySMS. O distribuidor do Mato Grasso do Sul, por sua vez, disse que um banco, um fabricante de automóveis e até partidos políticos já teriam usado o serviço.

Base de usuários

Segundo os distribuidores ouvidos por TELETIME News, o projeto foi lançado em fevereiro e teria hoje 90 mil pessoas cadastradas. Uma rápida pesquisa pela internet revela vários blogs e fóruns de discussão promovendo ou comentando o projeto. Existem até mesmo comunidades no Orkut sobre "PaySMS", algumas com mais de 8 mil participantes. Nelas, é possível encontrar reclamações de usuários que ainda não teriam recebido nenhuma mensagem de propaganda. A resposta geralmente é a mesma: o projeto está começando e é preciso esperar um pouco mais. Até o fechamento dessa matéria, a Dase não respondeu aos emails enviados por TELETIME News.

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