Lessa diz que BNDES ficou com "mico" da Telet e Americel

O presidente do BNDES, Carlos Lessa, afirmou nesta quinta, 23, durante audiência pública na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados que a forma como foi transferido o controle das empresas Telet e Americel (hoje partes da Claro) para a América Móvil, empresa controlada pela Telmex, deixou o banco estatal de investimentos com ações de difícil liquidez, ?conhecidas no mercado como mico?. Lessa lembrou aos deputados que durante o processo de licitação da banda B o BNDES foi levado a subscrever a totalidade das ações preferenciais destas duas empresas (que ganharam a licitação para o Rio Grande do Sul e Centro-Oeste). Esta operação, que custou ao banco na época cerca de US$ 160 milhões, foi tecnicamente mal feita. Além disso, subscrever a totalidade das ações preferenciais de uma empresa, para um banco de investimentos estatal, somente se justificaria se fosse para imediatamente abrir o capital da empresa, ou seja, a operação se justificaria pela oportunidade de fomentar o mercado de capitais.
Isso não estava previsto e não aconteceu. De acordo com Lessa, o contrato previa que, em caso de transferência de controle, o banco teria o direito de vender suas ações ao novo controlador, pelo mesmo valor pago pela transferência de controle. Acontece que a operação de venda de fato das duas operadoras foi feita ?através de veículos? (as empresas que durante o processo de discussão da compra da Embratel, o presidente Lessa classificou como ?laranjas?) nas ilhas Cayman e no Canadá, não sendo, portanto, formalizadas e impedindo que o BNDES fosse ressarcido do montante que havia investido.

Negociação ou ação

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Deste modo, o banco considera ter pendências que precisam ser resolvidas com a Telmex. Até o momento, o banco não foi procurado pela empresa mexicana para resolver essas pendências: ?Para um banco, é sempre melhor uma negociação que um processo na Justiça. Nós estamos abertos a negociar este caso, mas ao mesmo tempo estamos nos preparando para entrar na Justiça de forma a pelo menos obtermos uma solução, nem que seja contenciosa?, afirmou Lessa. Na avaliação do presidente do BNDES, se atualizados e capitalizados, atualmente os valores investidos pelo BNDES valem cerca de US$ 300 milhões.
A Claro esclarece, por meio de sua assessoria de imprensa, que a Telmex e a América Móvil, embora tenham como acionista majoritário o mexicano Carlos Slim, são duas empresas distintas e, portanto, a Telmex não tem nenhuma dívida com o BNDES porque atua apenas na área de telefonia fixa. A controladora da Claro é a América Móvil. A operadora informou que a questão já está sendo tratada com o BNDES.

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