Incerteza sobre regulamentação de postes preocupa ISPs

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Foto: Pexels

Para Basílio Perez, conselheiro da Abrint (associação que representa os pequenos provedores de Internet), a regulamentação de postes que foi aprovada pela Anatel e que ainda precisa ser aprovada pela agência de energia (Aneel) é sem dúvida um avanço em relação à situação atual, mas a entidade ainda tem preocupações com relação aos cálculos e à forma final do regulamento.

"A gente é questionado sobre o que fazer com os contratos em negociação hoje, e a orientação é não assinar nenhum contrato até ter clareza de como vão ficar os cálculos finais", diz Perez. Na mesma linha vai o ex-conselheiro da Anatel Moisés Moreira, que articulou a redação final do regulamento enquanto liderou o processo dentro da agência. "Meu conselho é: não assinem nada", diz Moreira. Eles participaram de um debate sobre a regulamentação de postes que abriu a Abrint Nordeste, evento que acontece esta semana em Fortaleza.

Para Perez, a regulamentação ainda deixou de fora muitos pontos que eram reivindicados pelos ISPs, mas houve avanços, como a definição de uma referência de preços e o uso do valor de custo para a precificação. "Com as regras mais claras e preços justios, tenho certeza de que haverá um estímulo para que os ISPs que hoje atuam de maneira informal se regularizem", disse.

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Entre os pontos que ainda ficaram pouco claros ou ruins, diz Perez, estão a falta de uma definição mais clara de que a operadora de postes de fato será neutra; a possibilidade de cobrança pelos equipamentos que seão instalados nos postes, como CTOs e reservas técnicas; o fato de que os preços serão definidos entre empresas de energia e empresa exploradora da infraestrutura; a dúvida sobre se o valor de referência será de fato o teto; e a incerteza sobre o cálculo de precificação que ainda será feito.

Entre os provedores regionais, há a preocupação com as diferenças regionais, e isso ficou evidente em pelo menos uma das perguntas levantadas no debate. A ponderação é que a realidade de receitas e atratividade de mercado é muito diferente em áreas rurais e remotas daqueles mercados dos grandes centros, mais densos. Para os ISPs, é fundamental que no cálculo das ofertas de referência das empresas exploradoras dos postes estas diferenças sejam consideradas, para viabilizar o uso dos postes fora das áreas centrais.

Fato político

Para Moisés Moreira, existe uma pressão corporativista das operadoras de energia sobre a Aneel, que se tornou mais cautelosa em relação a uma decisão, mas ele segue otimista com a aprovação  pelo colegiado da agência de energia se dará em 2024 sem mudanças. "Foi o texto combinado e articulados pelas áreas técnicas e por nós", diz ele.

Questionado sobre qual seria o peso da Portaria conjunta entre Ministério das Comunicações e Ministério de Minas e Energia, que deu origem ao programa Poste Legal, MOreira disse que esta portaria surgiu para aproveitar politicamente um momento, mas que ela não tem peso. "A gente ajustou o texto, sugeriu uma redação que não atrapalhasse o que estava sendo construído pelas agências, mas o efeito prático da portaria é zero. Ajudaria se saísse um decreto com o fim da modicidade tarifária, mas de certa forma isso acaba com a aprovação do regulamento conjunto", provocou.

Evento sobre postes

No próximo dia 28 de novembro acontece em São Paulo o Teletime Tec Redes & Infra, e um dos temas em debate é o papel econômico do novo operador de postes, onde ele se insere na cadeia de valor dos dois setores, quais os principais entraves para o desenvolvimento desse tipo de empresa, quem são os investidores desse modelo e onde ele pode fazer sentido. Participam do encontro as associações Abradee (de empresas distribuidoras de energia), Telcomp (de operadores competitivos de telecom), da Feninfra (empresas instaladoras de redes) e ainda da empresa de investimentos RK Partners e da consultoria Alvarez & Marsal. Mais informações sobre o evento pelo site www.teletimetec.com.br

 

 

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