A venda da Oi Móvel para a Claro, TIM e Vivo pode resultar em um lote da faixa de 3,5 GHz que não seria absorvido em uma primeira rodada do leilão de 5G – a menos que haja a entrada de um novo player no mercado com disposição de ser um operador nacional. O conselheiro da Anatel e relator da proposta do edital em discussão, Carlos Baigorri, diz que há uma possibilidade de uma nova empresa, inclusive com operação de rede neutra.
Durante o Seminário de Política de Telecomunicações 2021 nesta segunda-feira, 22, Baigorri afirmou que acredita na entrada de um novo player. "Há algum tempo já faço interface com o mercado financeiro e, de fato, considerando a enorme liquidez de recursos no mundo, com taxas negativas, tem grande potencial para fazer investimentos grandes em telecom, ainda mais com o potencial de crescimento", disse. O conselheiro lembra que houve "muito interesse" de fundos nos ativos da Oi.
Em caso de não haver um interesse de novo entrante, há a possibilidade de remanejamento do espectro remanescente. "Caso não apareça um quarto player, o lote vai ser fracionado e colocado à disposição do mercado. O que não pode é impedir que a possibilidade se apresente."
Rede neutra
Baigorri confirmou que existe a possibilidade de um novo entrante atuar no mercado de espectro no atacado. "Já há decisões precedentes na Anatel", disse. "O compromisso de cobertura da Nextel com banda H teve a possibilidade de cumprimento com compartilhamento de rede. Acho que é plenamente possível", declarou, referindo-se a um modelo em que esse novo player atue como um operador de rede para as demais operadoras que não estejam, por exemplo, dispostas a fazer imediatamente o investimento em redes 5G Standalone.
Vale ressaltar que, conforme a proposta do edital do próprio conselheiro, a proponente precisa necessariamente ter a licença de serviço móvel pessoal (SMP). Outra condição é a de não estar em processo de transferência de controle – como é o caso da Oi Móvel. E, obviamente, mesmo que o modelo do entrante seja ser um operador de rede para outras empresas, caso não haja interessados o entrante precisará cumprir as obrigações do edital.