Há algum tempo, o mercado especulava que o Facebook iria encarar um declínio, já que a base estaria migrando justamente para as ferramentas de troca de mensagens pela Internet. Nesta quarta-feira, 19, o CEO da empresa, Mark Zuckerberg, deu o recado: se não pode enfentá-los, compre-os enquanto pode. A empresa do executivo anunciou a compra do maior serviço de mensagens over-the-top (OTT) da atualidade, o WhatsApp, por US$ 16 bilhões por US$ 19 bilhões.
Em comunicado, o Facebook afirmou que a combinação da rede social com o serviço OTT de mensagens vai "ajudar a acelerar o crescimento e o engajamento de usuários através de ambas as companhias". "O WhatsApp está a caminho de conectar 1 bilhão de pessoas. Os serviços que chegam a essa marca têm um valor incrível", disse Zuckerberg no texto, afirmando ainda conhecer "há anos" o CEO e cofundador do WhatsApp, Jan Koum.
O acordo inclui US$ 4 bilhões em dinheiro e aproximadamente US$ 12 bilhões em ações da própria empresa de Mark Zuckerberg. Além disso, o contrato ainda prevê mais US$ 3 bilhões em unidades de ações restritas que serão garantidas aos fundadores do WhatsApp e seus funcionários, que serão adquiridas ao longo dos quatro anos após a transação ser completada.
O WhatsApp tem atualmente cerca de 450 milhões de usuários, sendo que 70% acessam diariamente p serviço. Até o momento, a plataforma atrai mais de 1 milhão de novos usuários registrados por dia. O volume de mensagens trocadas pelo serviço se aproxima do volume total de mensagens SMS no mundo, de acordo com a própria empresa.
Nada muda
O Facebook cita o caso do Instagram, comprado em 2012 pela empresa por US$ 1 bilhão, ao justificar que incentiva empreendedores independentes que conseguem construir empresas e focar e direcionar o negócio para o crescimento enquanto se beneficia da expertise, recursos e escala da rede social. A promessa é de manter a marca WhatsApp (que coexistirá com o aplicativo de mensagens do Facebook), assim como seu escritório na Califórnia. Jan Koum passará a integrar o board de diretores do Facebook.
Em comunicado no blog do WhatsApp, Koum reiterou que nada mudará para os usuários, inclusive com a taxa de US$ 1 paga após um ano de serviço. Da mesma forma, ele disse que o aplicativo (e a empresa) continuará a funcionar de maneira independente.
Análise
Esta é a maior aquisição de um aplicativo na curta história do mercado de conteúdo móvel. Até então o recorde estava com Instagram e com Waze, ambos vendidos na casa de US$ 1 bilhão para Facebook e Google, respectivamente. Chama a atenção o fato de o Facebook ter pago pelo WhatsApp mais do que a Microsoft pagou pela Nokia ou o Google pela Motorola.
A notícia foi anunciada às vésperas do Mobile World Congress (MWC), maior evento internacional da indústria móvel, que acontecerá na semana que vem em Barcelona, entre os dias 24 e 27. Por sinal, tanto Mark Zuckerberg quanto Jan Koum estão confirmados para o evento. O fundador do WhatsApp participará de um painel na manhã de segunda-feira e, algumas horas depois, no fim da tarde, será a vez do criador do Facebook ser o keynote speaker. MOBILE TIME estará presente em Barcelona com dois jornalistas cobrindo os principais painéis do MWC e analisando as tendências da feira.
ATUALIZAÇÃO (19/2, às 23h40): Em artigo recém-publicado, o editor de MOBILE TIME compara o preço pago por usuário do WhatsApp com aquele efetuado quando da aquisição do Instagram e alerta para o risco do surgimento de uma bolha no setor de mobilidade.