AT&T compra a DirecTV por US$ 48,5 bilhões; América Latina está incluída

A operadora de DTH DirecTV e a empresa de telecomunicações norte-americana At&T finalmente anunciaram os termos do acordo pelo qual a AT&T assume o controle da empresa de TV paga. A operação tem implicações diretas para o mercado brasileiro, já que a DirecTV é a controladora da Sky no País, e a AT&T é vista como uma potencial participante no leilão de 4G na faixa de 700 MHz, programado para acontecer em agosto. Pelos termos do negócio anunciados neste domingo, dia 18 de maio, a AT&T está comprando o controle da DirecTV em uma transação que envolve 30% do valor em cash e 70% em ações da própria AT&T, tendo sido a DirecTV avaliada em nada menos do que US$ 67 bilhões, e o custo da operação para a AT&T deve ser de US$ 48,5 bilhões.

Notícias relacionadas
A avaliação considerou um múltiplo de 7,7 vezes o EBITDA da DirecTV. A DirecTV tem pouco mais de 20 milhões de assinantes nos EUA e mais 18 milhões na América Latina (incluindo os 5,8 milhões de clientes no Brasil e mais de 6 milhões de clientes no México). Já a AT&T tem, nos EUA, além de quase 18 milhões de usuários de banda larga (por xDSL, fibra e satélite), cerca de 5,7 milhões de assinantes do serviço de vídeo por IPTV, que funciona em uma tecnologia híbrida com fibra e VDSL em mais de 100 cidades, e 29 mil pontos de acesso Wi-Fi. Isso sem falar na fortíssima presença da AT&T no mercado móvel norte-americano, onde é a segunda maior operadora com cerca de 116 milhões de clientes, atrás da Verizon (122 milhões).

Compromissos

No anúncio da operação, já antecipando as prováveis exigências que poderiam vir das autoridades concorrenciais e regulatórias dos EUA, a AT&T se comprometeu a ampliar em 15 milhões os domicílios cobertos por seus serviços de banda larga, sobretudo em áreas rurais, totalizando 70 milhões de domicílios cobertos. A AT&T também assegurou que vai manter seus planos já anunciados de investir pelo menos US$ 9 bilhões nos leilões de espectro programados para acontecer nos EUA este ano e em 2015 e com a neutralidade de rede, garantindo a oferta de banda larga desvinculada do serviço de vídeo e pleno acesso a serviços de vídeo over-the-top como Netflix e Hulu.

América Latina no foco

Um aspecto muito importante da operação é a ênfase que está sendo dada à América Latina na transação. Havia a especulação de que a AT&T optasse por repartir os assinantes que a DirecTV tem na América Latina com algum outro investidor, e especulava-se sobre um acordo combinado com a Dish. Mas no anúncio da compra da DirecTV a AT&T deixou claro que está comprando tudo e enfatizou a importância que a América Latina tem para os planos de expansão da operadora, citando especialmente o México, e anunciou que vai se desfazer de sua posição minoritária na América Móvil, como forma de facilitar as aprovações regulatórias no México e, possivelmente, também no Brasil, onde o grupo mexicano é o principal concorrente da operadora Sky.

Para o Brasil, o significado exato da transação ainda não está claro, mas algumas hipóteses podem ser colocadas. A AT&T atua no Brasil de maneira discreta, apenas em serviços corporativos, mas pode ter seu apetite ampliado, seja na forma de novas aquisições de empresas já existentes (TIM, GVT e Oi seriam os alvos mais óbvios), seja na disputa pelo leilão de 4G, já que o governo está apostando algumas fichas na possibilidade de trazer um novo player para o mercado de banda larga móvel.

Vale lembrar ainda que a Sky já tem no País licença para operar 4G na faixa de 2,5 GHz em mais de 600 cidades, e tem ampliado a sua rede TD-LTE gradativamente.

Para o mercado de TV paga, a despeito da concentração que ocorrerá no mercado norte-americano, a compra da DirecTV pela AT&T é considerada importante, por estabelecer um competidor à altura da Comcast, que está se fundindo com a Time Warner Cable até o final do ano e que com isso se tornará uma gigante de 30 milhões de clientes de vídeo.

Na América Latina, seria mais um player de telecomunicações a rivalizar com América Móvil e Telefônica, que são os grupos que atuam regionalmente. No Brasil, a chegada da AT&T via Sky é positiva para a competição no mercado porque, inclusive, ainda deixa o caminho aberto para uma eventual entrada da Dish no mercado brasileiro.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!