Brasil é atrativo para data centers em meio ao boom da IA, indica Santander

Data center da Ascenty em Vinhedo. Foto: Divulgação

O boom das soluções baseadas em inteligência artificial (IA) vem motivando a instalação de novos data centers. E, nesse mercado, uma análise do Santander aponta que o Brasil oferece vantagens competitivas para as companhias do setor, principalmente devido a matriz energética limpa.

Atualmente, o Brasil possui 181 data centers, representando 1,5% do número global de data centers, aponta o levantamento. Esse número é acima dos 172 do México, mas é bem menor do que os 517 da Alemanha ou os mais de 5,3 mil dos Estados Unidos.

A concentração dos ativos, contudo, também gera reflexo sobre a demanda por energia. O relatório aponta que 4% da eletricidade consumida nos Estados Unidos em 2022 era para atendimento de data centers, com projeção de 6% em 2026. A União Europeia tem quase 4% da demanda ligada ao segmento, mas em países como a Irlanda o valor chega a 17%. 

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A questão da energia no mercado de processamento de dados é uma preocupação ainda maior quando se considera ferramentas de inteligência artificial generativa – que exigem ainda mais recursos computacionais. "Uma pesquisa no ChatGPT consome, em média, 10 vezes mais energia do que uma pesquisa no Google", exemplifica o Santander.

"Com a crescente procura de armazenamento de dados, as grandes companhias vão buscar países que ofereçam uma combinação de baixo custo, boas infraestruturas e energia confiável. O Brasil se destaca globalmente em termos de geração de energia limpa, disponibilidade de energia, eficiência de custos e abastecimento abundante de água", diz o relatório.

A análise lembra que o Brasil dispõe de uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo – com uma alta porcentagem de eletricidade de fontes hidrelétrica, eólica e solar. O custo da energia no Brasil também é menor na comparação com outras nações. Na Itália, o valor do KWh beirava os U$ 0,60 em 2023. Já no Brasil, o custo no mesmo período foi de pouco mais de U$ 0,10.

"Embora acreditemos que o Sudeste do Brasil seja a região onde a maioria dos data centers será construída no Brasil, […] a região Nordeste também poderia se beneficiar do aumento de projetos de geração distribuída dentro da região", indica o estudo.

Apesar das oportunidades nesse mercado, o Santander aponta que a burocracia e os processos regulatórios podem ser um obstáculo para a rápida implementação e expansão de infraestruturas de data centers no Brasil.

"Entre os desafios enfrentados pelo País na expansão de seu mercado de data centers estão a carga tributária, as altas taxas de juros, a infraestrutura de TI limitada e a falta de profissionais qualificados na área, desafios que poderiam ser abordados por meio de políticas públicas destinadas a fechar a lacuna com outros países", diz a análise.

Crescimento

Apesar disso, o mercado brasileiro de data centers deve observar uma taxa de crescimento anual acima dos números globais. A projeção é de que o setor no País tenha um salto de US$ 4,6 bilhões em 2023 para US$ 6,5 bilhões em 2028. Isso representa um crescimento anual de 7,1%. Ou seja, acima dos 6,6% esperados para o mercado global no mesmo período – que deve alcançar os U$ 438,6 bilhões.

Para 2028, a parte de infraestrutura de rede será a maior responsável pelas receitas brasileiras de data centers, com U$ 4,3 bilhões. Em seguida, aparecem os servidores (U$ 1,4 bilhões) e armazenamento (U$ 800 milhões). 

Telecom

A análise do Santander também projeta oportunidades para a cadeia de tecnologia e telecomunicações em meio ao cenário de crescimento do tráfego e chegada de nova infraestrutura digital – incluindo para empresas como a Telefônica Brasil (Vivo)

"A companhia tem investido na expansão da cobertura em FTTH (Fiber to the Home), o que é crucial para oferecer conexões rápidas e confiáveis que os data centers precisam para operar de forma eficiente", destaca o relatório. 

O banco ainda lembra que o Brasil está buscando ativamente a transformação digital para atrair investimentos estrangeiros. O Santander lembra que o lançamento da rede 5G pode ser importante para impulsionar a inovação digital, IoT e as tendências de cidades inteligentes.

"Com a expansão do 5G e a aprovação de novos marcos regulatórios para o setor de telecomunicações, tanto a cobertura de fibra óptica quanto as conexões de cabos submarinos internacionais devem ser expandidas", ponderou a análise.

Outro reflexo do crescimento de data centers apontado pelo documento é que a demanda pelo cobre em todo o mundo terá um aumento de 41% até 2030 – quando deverá alcançar as 36,3 milhões de toneladas.

"O cobre é o único mineral crítico presente em todas as tecnologias de energia limpa mais importantes, como veículos elétricos, energia solar fotovoltaica, eólica e redes elétricas", aponta o relatório. Nesse sentido, a localização do Brasil é outra vantagem – já que está próximo do Chile, o maior produtor de cobre do mundo.

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