Publicidade fica em segundo plano em depoimento de Cico

A questão que motivou a ida da ex-presidente da Brasil Telecom, Carla Cico, a comparecer na qualidade de depoente à CPI dos Correios nesta quarta, 16, era a possibilidade de uso de recursos de publicidade da BrT como fonte de um possível esquema de tráfico de influência e compra de parlamentares sob orquestração do empresário Marcos Valério, sócio das empresas DNA e SMP&B. A principal evidência eram dois contratos assinados por Carla Cico em abril e cancelados em maio com as agências de publicidade no valor de R$ 25 milhões cada. Os parlamentares da CPI, contudo, não exploraram esse indício e prevaleceu a explicação dada por Cico em seu depoimento sobre os contratos: eram contratos ?guarda-chuva? (Cico não explicou o significado) para serviços que seriam pagos à medida que fossem contratados. A executiva desconversou quando questionada se os contratos foram fechados com desconhecimento da diretoria de marketing da BrT. Também evitou assumir responsabilidade sobre os dois termos, lembrando que outros dois diretores assinaram os compromissos com as agências de Marcos Valério, os dois, aliás, desligados da Brasil Telecom. Segundo a senadora Ideli Salvati (PT/SC), cogitou-se chamar os dois diretores na CPI mas houve "maior resistência de alguns parlamentares em relação a esta convocação do que houve em relação à convocação da própria Carla Cico". Segundo Carla Cico, apenas R$ 188 mil desses dois contratos de R$ 25 milhões foram pagos, mediante prestação de serviço, mas ela não explicou porque os contratos foram cancelados, nem foi perguntada sobre isso.

Discrepâncias

Carla Cico também não soube explicar, quando questionada pelo deputado Ônix Lorenzonni (PFL/RS), a razão pela qual as agências de Valério só passaram a prestar serviços à BrT em 2003. Disse que os nomes ?surgiram naturalmente? e que a decisão sobre que agência usar é técnica. Daniel Dantas, do Opportunity, em seu depoimento, admitiu que indicou, por exemplo, a contratação da agência Duda Propaganda pela BrT.

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Ainda sobre as verbas publicitárias da Brasil Telecom, Carla Cico não respondeu ao questionamento do deputado Silvio Torres (PSDB/SP) sobre as discrepâncias entre os valores pagos às agências de Marcos Valério em 2004 (R$ 850 mil), a título de consultoria de marketing no cenário das configurações políticas decorrentes das eleições municipais, em relação aos custos apurados pela CPI para serviços semelhantes (R$ 50 mil). Carla Cico disse apenas que os valores pagos são condizentes com serviços de consultoria, ?que são sempre subjetivos?.

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