José Zunga, o presidente da Federação Interestadual dos Trabalhadores em Empresas de Telecomunicações, Fittel, tem marcado posição contra nomes que não considera ideais para o cargo de conselheiro da Anatel. A vaga abre em novembro, com o fim do mandato de Elifas Gurgel do Amaral. Nesta sexta, 16, Zunda se colocou contra o nome do superintendete de serviços privados, Jarbas Valente, repetindo o que já havia feito com o procurador da agência, Antônio Bedran, na semana passada. São os dois nomes que estão sendo considerados mais de perto pelo ministro Hélio Costa.
Para o presidente da Fittel, o nome de Bedran não seria adequado porque tem no seu histórico atos que "depõe contra o Brasil". Mas Zunga escolhe apenas um, que foi a falta de apoio de Bedran ao pleito de Nélio Nicolai, que luta para receber seus direitos junto às operadoras de telecomunicações e aos fabricantes de equipamento por ter inventado o bina (identificador de chamada) "Se Bedran for confirmado como presidente, a Anatel correrá um sério risco", afirmou Zunga na primeira investida.
"Tucanização"
Em relação a uma possível indicação do atual superintendente de serviços privados da Anatel para a presidência da agência, José Zunga considera que esta indicação "deve estar soando como música nos ouvidos das empresas fabricantes do setor pois representará a tucanização da agência em pleno governo Lula". A Fittel diz ainda, em tom elevado, que não "medirá esforços contra o possível golpe nos anseios sociais de mudanças efetivas das telecomunicações pois Jarbas representará um estreitamento das relações da Anatel com os fabricantes/operadoras e um distanciamento da sociedade civil organizada". Na opinião do sindicalista, Hélio Costa deveria agilizar a nova formação da superintendências da agência e "confirmar a saída já anunciada de Jarbas Valente da Anatel". A Fittel, vale lembrar, teve forte influência na escolha dos novos conselheiros da agência. Hélio Costa declarou que pretende rediscutir esses nomes junto à Casa Civil.
Rota de colisão
Apesar de revelar uma perfeita comunhão com os princípios defendidos pela Fittel em relação à questão da assinatura básica da telefonia fixa, o ministro Hélio Costa não vem demonstrando muita ligação com a federação dos trabalhadores em relação à indicação de nomes e a forma de tratar a Anatel. Durante a gestão do ministro Miro Teixeira, a Fittel tinha livre trânsito no Ministério das Comunicações, sendo, inclusive a responsável pela indicação de Pedro Jaime Ziller para a presidência da agência. Hélio Costa já pediu em correspondência formal à Anatel a revisão do processo de escolha dos superintendentes, cujo resultado fortaleceu enormemente as posições dos dois conselheiros ligados à Federação (Pedro Ziller e Plínio de Aguiar), e vem trabalhando com a hipótese de nomear para a presidência da agência, um dos nomes preteridos para a composição do grupo de dez futuros superintendentes.