Com a perspectiva de venda global de 7 bilhões de novos smartphones entre 2013 e 2017 e de aumento de nada menos do que mil vezes no volume de dados trafegados por usuário até 2020, o uso combinado de espectros até então não utilizados para telefonia móvel com arquitetura inteligente de small cells é a saída para atender à tamanha pressão nas redes móveis. A opinião é do vice-presidente sênior de estratégia e operações para desenvolvimento de mercado global da fabricante de chipsets Qualcomm, William Davidson Jr.
O executivo, que veio ao País para planejar as ações da subsidiária para o próximo ano fiscal de 2014, trabalha com a projeção de que o mercado brasileiro será o quarto em número de vendas de smartphones até 2017, quando as conexões 3G e 4G devem chegar a 224 milhões. "As redes atuais não foram concebidas para esse uso concentrado em algumas áreas densas e agora é preciso achar um modelo diferente a partir de coberturas indoor, com implementação de dentro para fora", diz Davidson Jr. "Claro que ainda existem alguns desafios tecnológicos. É preciso lidar com a interferência na convivência entre smal cells e macro cells e ter um gerenciamento inteligente dessas redes", pondera o presidente da Qualcomm para América Latina, Rafael Steinhauser. "Acredito que uma penetração de 20% small cells já seria suficiente para atender a esse crescimento de mil vezes mais dados nas redes móveis", estima Davidson.
Licenciamento
Outra aposta da Qualcomm para o País reside na parceria com fabricantes nacionais para licenciamento de tecnologias na produção de smartphones e tablets 3G e 4G, como já acontece com Positivo, CCE, Semp Toshiba, Gradiente e Philco, lembra Steinhauser. "Nesses acordos de licenciamento, os fabricantes ganham 'time-to-market' para lançar smartphones mais acessíveis, mas com todas as funcionalidades fundamentais. O que precisamos agora é trabalhar nos planos de dados, que ainda são caros". Pelos cálculos de Steinhauser, apenas um terço dos usuários que possuem um smartphone têm um pacote de dados a ele associado, e destes, 50% o utilizam apenas ocasionalmente. "Estamos trabalhando com o governo no projeto banda larga 0800 para que qualquer brasileiro com smartphone ou tablet possa ter acesso gratuito a serviços públicos e privados", diz o executivo, explicando que os custos seriam compartilhados entre todos os órgãos e empresas privadas participantes do projeto.
O projeto-piloto do banda larga 0800 foi lançado no Distrito Federal na primeira quinzena de julho.