Links Field pede definição de prazos e áreas para desligamento do 2G

Foto: Pixahive

A Links Field, operadora móvel virtual (MVNO) especializada no mercado de Internet das Coisas, está preocupada com a dinâmica de desligamento das redes 2G no Brasil. Para a empresa, é necessária clareza sobre o cronograma do processo, sob o risco de prejuízo a serviços ioT, como o rastreamento de veículos.

Hoje, o desligamento da rede 2G (e também do 3G) não tem uma data definitiva. O que está oficialmente no planejamento da Anatel é interromper a certificação de dispositivos que operem apenas em 2G/3G, conforme proposta colocada em consulta pública nesta sexta-feira, 12.

Em paralelo, as faixas que suportam as redes começam a vencer em 2028 e devem passar por refarming, para receberem novas tecnologias como o 4G ou superiores. Assim, o desligamento propriamente dito das redes ainda depende de planejamento entre operadoras, reguladora e usuários.

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Para a Links Field, porém, a situação gera incertezas. A MVNO defende que seja fixado um cronograma para o desligamento junto às operadoras nacionais, ou ao menos definidas áreas para projetos piloto. "Do jeito que está, cada operadora está tomando a sua decisão", afirmou o sócio fundador e diretor de engenharia da operadora virtual, Marcos Betiolo, ao TELETIME.

"Falta transparência e clareza sobre áreas e datas", resumiu o diretor geral e sócio fundador da Links Field, Thiago Rodrigues. No momento, a empresa – que atende cerca de 500 mil conexões de IoT – já constata uma "degradação" da cobertura 2G, bem como uma redução no número de infraestruturas que suportam a tecnologia.

Segundo levantamento realizado pela MVNO, o Brasil perdeu 7 mil antenas (sites) 2G entre dezembro de 2021 e novembro de 2023, passando de 58 mil para 51 mil torres com a tecnologia. Em termos de estações rádio base (uma torre pode suportar mais de uma ERB), a Anatel apontava 56,3 mil estações 2G em maio.

Para a Links Field, um dos motivos para o redimensionamento atual da cobertura foi a saída da Oi Móvel do mercado. Outro, a dificuldade para substituição de equipamentos no padrão mais antigo. Em paralelo, há o impacto de acordo de RAN sharing entre Vivo e TIM, para consolidação da rede 2G em determinadas cidades.

A MVNO (que usa rede da Vivo na condição de credenciada da Telecall) passou a utilizar rede da TIM nos locais onde a Vivo desligou a rede 2G, conforme planejamento das duas teles. No processo, a Links Field relata que perdeu cobertura em diversas áreas onde prestava serviços, especialmente no estado do Rio de Janeiro.

O acordo entre Vivo e TIM prevê que as empresas compartilhem sites 2G de modo gradual e equivalente, resultando na desativação de sites em tecnologia legada sobrepostos e no atendimento da base de ambas pela operadora que permanecer com o 2G ativo. No final de 2023, a Vivo apontou que o processo havia ocorrido com sucesso em mil cidades, com expectativa de ampliação.

Em paralelo, a Links Field também nota que a Claro parece ter menos pressa que as concorrentes no desligamento da tecnologia. Operações do grupo América Móvil em outros países da América Latina também estariam apostando na manutenção de tecnologias legadas, observa a MVNO.

Rastreadores

Em maio, o Brasil somava 19 milhões de acessos 2G, em queda de 10,9% em um ano. Metade das conexões eram machine-to-machine para Internet das Coisas (M2M IoT): neste caso, o uso da tecnologia cresceu 8% em um ano, para 9,5 milhões de acessos 2G em maio.

Segundo Thiago Rodrigues, com o desligamento da rede, haverá impacto sobretudo no segmento de rastreadores, como os embarcados em veículos. Há um movimento em curso para adoção de dispositivos com a tecnologia dual 2G/4G. Mesmo assim, nem todos os clientes e fornecedores estariam preparados para o processo, que envolve a atualização de uma base ampla legada de equipamentos.

Vale notar que a minuta do ato da Anatel que pretende interromper a certificação de novos dispositivos 2G e 3G traz uma exceção justamente para o segmento automotivo. O texto aponta que seguirá autorizada a homologação de dispositivos no padrão legado para atendimento de demanda de reposição na indústria automotiva, mediante autorização da Anatel.

Já no caso das maquininhas de pagamento, a Links Field vê ritmo mais intenso na atualização do parque de dispositivos, com adoção em maior escala do 4G. Havia em maio 3,5 milhões de pontos de serviços (em sua maioria maquininhas) atendidas com 2G, em queda de 12% em um ano.

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