Baixo investimento das teles compromete indústria de equipamentos, diz Abinee

Se os resultados da indústria eletroeletrônica em 2010 – projeção de R$ 124 bilhões com crescimento de 11% sobre 2009 e apenas 1% superior a 2008 – ficaram aquém do esperado, as estimativas para o setor de telecomunicações foram ainda mais frustrantes.
Segundo previsão da Associação Brasileira da Indústria de Elétrica e Eletrônica (Abinee) para este ano, a área de telecom será a única a registrar queda de faturamento dentre todos os segmentos da indústria eletroeletrônica brasileira. Uma retração de 9% em relação a 2009, totalizando uma queda acumulada considerável, de 23,7%, nos últimos três anos.
De acordo com Humberto Barbato, presidente da Abinee, a queda progressiva dos investimentos das operadoras de telefonia em infraestrutura de rede é a principal responsável por essa retração. Segundo dados da entidade, os investimentos das teles caíram de R$ 13,6 bilhões em 2008 para R$ 11,6 bilhões em 2009 e R$ 10,4 bilhões em 2010. "Segundo conversa com representantes do SindiTelebrasil, o investimento em 2011 ficará em torno de R$ 10 bilhões", revela Paulo Castelo Branco, diretor de telecomunicações da Abinee.

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O outro motivo pelos maus resultados colhidos pelo setor de telecom na indústria eletroeletrônica, de acordo com Castelo Branco, é o aumento das importações e a diminuição considerável das exportações de produtos de telecomunicações, estimulada principalmente pela valorização cambial. As importações devem crescer 20% em 2010 em relação a 2009 e as exportações despencaram 19% durante o período.
Para Aloysio Byrro, vice-presidente da Abinee e chairman da Nokia Siemens Networks, outras medidas também devem ser urgentemente tomadas pelo governo para o aumento da competitividade da indústria brasileira, como a desoneração da folha de pagamento das empresas exportadoras e o aumento do imposto de importação para produtos com similares fabricados no Brasil. "Não queremos proteção, mas igualdade de condições. O Brasil, segundo as normas da Organização Mundial do Comércio, pode aumentar as taxas de importação a até 35% e estabelece somente 12%", reclama.
Celulares
O celular segue como o produto mais exportado, em faturamento, entre os eletroeletrônicos, porém deve registrar nova retração em relação ao ano passado. Em 2009 a indústria exportou US$ 1,4 bilhão. Neste ano a projeção é de US$ 1 bilhão, queda de 26%. Já a importação desses terminais segue caminho contrário: em 2008, US$ 32 bilhões; em 2009, US$ 24,9 bilhões; e em 2010 a expectativa é de um total de US$ 35,2 bilhões. "Desde o início do governo Lula temos avisado e nenhuma ação foi tomada. Há uma desindustrialização precoce em curso no Brasil, facilitada principalmente por essa mudança cambial em curso. Não podemos continuar trabalhando para gerar empregos na China", adverte Barbato.
O mercado interno também não registra bom desempenho. Em 2010 devem ser comercializados 61 milhões de handsets, 20% smartphones, volume menor que os 62 milhões de 2009 e aos 73 milhões de 2008.

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