Rio Grande do Sul: imagens de satélites estão orientando buscas e monitoramento

Imagem: Reprodução/BlackSky

As enchentes que afetam o Rio Grande do Sul já causaram mais de cem mortos, além de mais de uma centena de desaparecidos, segundo a Defesa Civil gaúcha. E milhares de casas estão embaixo d'água, com cheias que afetam cidades, áreas rurais e estradas. Imagens produzidas por satélites mostram o impacto gerado pelos fortes temporais que deixaram milhares de desabrigados e interrompeu serviços públicos essenciais – como água, energia elétrica e redes de telecomunicações.

Em entrevista ao TELETIME, o diretor regional para América Latina da BlackSky, Pierre Duquesne, deu mais detalhes sobre a tecnologia que está sendo utilizada pela Força Aérea Brasileira (FAB). A mesma solução também é utilizada por organizações como a Nasa e o Departamento de Defesa dos EUA (DoD).

Mais do que apenas mostrar a dimensão do impacto das chuvas na região, as imagens produzidas podem ser úteis em situações de resgate, "para saber como chegar, onde estão as vítimas e ter uma visão atualizada da situação em solo", disse o diretor. No Brasil, a BlackSky é representada pela empresa carioca AMS Kepler. É essa última que possui contratos com a FAB para a captação das imagens via satélite.

Notícias relacionadas

Prevenção

Os satélites da companhia capturaram cerca de cem imagens do estado do Rio Grande do Sul nos últimos sete dias. Além do apoio às equipes de resgate, os registros produzidos também podem ser utilizados para o desenvolvimento de planos para antecipação e prevenção de catástrofes. 

"A tecnologia ajuda a fazer todo o trabalho de prevenção, que é muito importante. Com isso, é possível observar situações como, por exemplo, o nível da água, algum rio começando a transbordar e inundações iniciais. Você consegue gerar imagens do relevo, criar mapas atualizados do relevo e fazer simulações de potenciais e inundações", afirmou Duquesne.

Tecnologia

"Estamos fornecendo imagens de satélite exatamente para esse tipo de situação emergencial, em que se tem uma necessidade de produção de imagens e resposta rápida. Nós somos a única operadora do mundo que tem a capacidade de produzir imagens ao longo das 24 horas do dia, inclusive à noite", explicou Duquesne.

Registros captados por satélite do INPE e da BlackSky mostram antes e depois da região metropolitana de Porto Alegre após inundação. Imagem: Reprodução/INPE/FAB/BlackSky

Essa característica apontada pelo executivo da operadora americana está relacionada à posição dos equipamentos no espaço. Segundo Duquesne, "a grande maioria" dos satélites de observação terrestre estão posicionados em órbitas polares e heliossíncronas. Esse é o caso de modelos como o brasileiro Amazônia 1 e o europeu Sentinel-2, por exemplo. Na prática, satélites posicionados dessa forma passam sobre qualquer ponto da Terra sempre à mesma hora solar local.

Por outro lado, os satélites da BlackSky estão em planos orbitais inclinados em relação ao eixo terrestre. Isso faz com que os modelos tenham uma taxa maior de "visita" em qualquer local do globo entre as latitude 60° e -60°. 

"No caso do Rio Grande do Sul, nós temos condições de coletar imagens ao longo do dia.  Então, apesar do dia ser majoritariamente nublado, às vezes há um momento sem nuvens. Quem tem satélites passando por lá, como o nosso, tem uma chance a mais de conseguir uma imagem e isso pode fazer muita diferença", disse Duquesne.

A captação das imagens do Rio Grande do Sul a partir dos satélites, conforme explicou o diretor, é programada pela própria FAB. E isso ocorre dentro da Spectra, a plataforma proprietária da BlackSky, que dispõe de recursos de inteligência artificial (IA).

Desenvolvimento

Atualmente, a BlackSky conta com uma frota de 14 satélites em órbita. Para este ano, estão previstos os lançamentos dos primeiros satélites de terceira geração da operadora. Esses novos equipamentos são projetados para produzir imagens de maior resolução – até 35 cm, segundo a companhia.

Combinado com a plataforma de análises orientada por IA, os novos modelos terão capacidade de detectar mudanças críticas com maior velocidade, sob demanda. Ainda mais à frente, Duquesne informou que a meta da empresa é ter uma frota com 30 satélites em órbita.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!