Sob ataques da Globo, DVB faz demonstração em São Paulo

A Coalizão Pró DVB realiza, em São Paulo, uma transmissão demo de TV digital usando o padrão europeu. Além da transmissão, mostrada a jornalistas nesta quarta, 8, em São Paulo, e que será mostrada a representantes do governo nesta quinta, 9, executivos das empresas participantes da coalizão aproveitaram a ocasião para criticar o processo de escolha de um padrão de TV digital no Brasil. Marcos Magalhães, presidente da Philips para a América Latina, atacou o processo, afirmando que que a decisão não pode ser baseada ?no grupo econômico A, B ou C?. Magalhães disse que o processo começou a ter alguma transparência quando a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, assumiu os trabalhos. Mesmo assim, cobrou: ?Onde está o relatório do CPqD??.
A discussão esquentou quando o engenheiro Carlos de Brito Nogueira, assessor da direção de engenharia da Globo e membro da SET, manifestou-se em meio à coletiva de imprensa e afirmou que ?o que está sendo demonstrado não é viável na prática? e que a transmissão não é suficiente para refutar os testes de campo e laboratório realizados pelo grupo SET/Abert. ?Nem na Inglaterra se transmite com essa taxa, mesmo usando 8 MHz?, criticou.
A este noticiário, o engenheiro da Globo explicou que falta robustez ao padrão europeu para fazer transmissões com altas taxas de bits por segundo. Segundo ele, ?não existe uma segunda opção? quando se trata da trasmissão de conteúdo móvel intraband. Segundo ele, ?a transmissão de conteúdo HD, com portátil e móvel na mesma banda, só é possível com o padrão japonês?.

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Mario Baumgarten, CTO da Siemens no Brasil, respondeu às afirmações de Brito afirmando que ?em alguns pontos específicos, o padrão japonês é o melhor?, mas isso, em sua opinião, não tornaria o padrão melhor que os outros. Baumgarten afirmou que o padrão europeu é o único aberto para qualquer modelo de negócios, e voltou a cobrar uma discussão mais ampla da questão. ?Temos de discutir quem será responsável pelas freqüências, quem produzirá o conteúdo e quem pagará a conta?. E ainda fez um ataque ao padrão japonês, dizendo que não podemos adotar ?um padrão 100% rejeitado no mundo?.
Claudio Raupp, da Nokia, também rebateu as críticas do engenheiro da Globo, afirmando que o grande laboratório é formado pelos países que já adotaram o DVB, e que um único país que adotou o ISDB. ?A discussão não se dá apenas no aspecto tecnológico?, fez coro.
Walter Duran, da Philips, disse que o que se estava fazendo era uma demonstração, e não um teste, mas ?o que é demonstrado aqui é 100% viável?. E lembrou ainda que a demonstração foi um pedido do ministro Hélio Costa.

Tarde demais?

O grupo de executivos foi questionado em relação ao timing de sua ação mais efetiva na disputa pela adoção de um padrão de TV digital no Brasil, lembrando que a demonstração se deu no mesmo dia em que a Folha de S. Paulo noticiou que o presidente Lula já teria optado pelo padrão japonês. Segundo Claudio Raupp, da Nokia, a ministra Dilma Rousseff teria afirmado a membros do grupo nesta terça, 7, que a escolha ainda estava em aberto.
Já Marcos Magalhães, da Philips, foi mais duro, dizendo que a demonstração não aconteceu no mesmo dia em que saiu a notícia, mas que ?a notícia foi plantada para sair no mesmo dia da demonstração?.
Quanto à promessa que os japoneses teriam feito para investimentos em fábricas de semicondutores, Magalhães diz que ?qualquer promessa é fantasiosa?. Segundo ele, o Brasil ?perdeu o bonde da história? quando se trata de semicondutores. Para o executivo da Philips as oportunidades para o Brasil seriam na área de software e aplicativos.

Demonstração

A demonstração, que está acontecendo na USP, usando a freqüência do Mackenzie para testes, adotou dois cenários, o de ?flexibilidade máxima? e o de ?definição máxima?. O primeiro cenário carrega na mesma banda uma programação HDTV com compressão MPEG-4 a 8 Mbps; uma programação SDTV em MPEG-2 a 4,8 Mbps; quatro programações LDTV, voltada para recepção em PDAs, ocupando 4,4 Mbps; e duas programações LDTV para aparelhos de telefone celular, ocupando 1,5 Mbps. O cenário de definição máxima carrega uma programação HDTV MPEG-4 a 17 Mbps; uma programação LDTV para PDA a 1,5 Mbps; e uma programação para celular a 0,7 Mbps.

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