Com mais clientes de banda larga do que TV, operadores de cabo dos EUA testam novos modelos

O mercado de TV por assinatura nos EUA assumiu que vive um momento de mudança. Não que seja uma indústria em declínio ou sob ameaça. Pelo contrário, os números ainda impressionam. São 54 milhões de assinantes de serviços de vídeo por meio das redes de TV a cabo, 29 milhões de assinantes de telefonia também servidos pelas operadoras de cabo e impressionantes 56 milhões de assinantes de banda larga. Ou seja, nos EUA, a TV a cabo já tem mais clientes de banda larga do que de vídeo. Mas o fato é que em serviços de vídeo o mercado está parado, ou enfrentando uma leve retração.

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E operadores que servem seus assinantes via Internet têm números igualmente expressivos. A Netflix tem 40 milhões de clientes, quase o dobro da Comcast, com 22,4 milhões de clientes. A DirecTV, que opera por DTH, tem 20,4 milhões de clientes, a Dish (també DTH) tem 14 milhões e a segunda operadora de cabo aparece apenas como o quinto maior player de vídeo por assinatura com 11 milhões de assinantes nos EUA. Depois vem o Hulu (serviço online também) com 9 milhões de clientes, e por fim AT&T e Verizon, com respectivamente 5,9 milhões e 5,6 milhões. Ou seja, quando a fusão entre AT&T e DirecTV for completada a maior operadora de cabo dos EUA , a Comcast, que hoje é a principal empresa do setor de TV paga, será apenas a terceira maior provedora de conteúdo por assinatura. A tentativa frustrada de se fundir com a Time Warner Cable seria uma forma de fortalecer sua posição no mercado de banda larga e também de não perder posições nesse ranking, que tem um significado simbólico.

Esses movimentos dizem muito sobre o que está acontecendo com a indústria de TV por assinatura em geral, e especificamente com as operadoras de cabo. A resposta tem sido a oferta de conteúdos não-lineares, como vídeo sob demanda, e a distribuição pela Internet. Só os serviços de TV Everywhere cresceram em um ano 266% e foram assistidos 2,6 bilhões de pessoas.

Essa mudança de paradigma se reflete no maior evento de TV por assinatura dos EUA, organizado pela NCTA (associação de operadores de cabo), e que costumava ser o maior evento de TV paga do mundo. O evento mudou de nome, deixando de ser Cable Show para se tornar INTX, na tentativa de aproximar, também no nome, Internet e TV. O problema é que no lineup de palestrantes e empresas expositoras não tem grandes estrelas do mundo da Internet. Empresas como Google, Amazon, Netflix, Hulu e Apple, que hoje são referência quando se fala no mercado de vídeos online não estão nas mesas de debate. Há alguns representantes desse novo momento, como Vimeo e a uma vez poderosa AOL, mas só isso. Mas nas palavras de um dos anfitriões do evento, o CEO da RadioOne, Jerry Kent, a proposta é de fato trazer os amigos de longa data e os "frienemies" para um mesmo ambiente de debate e tentar encontrar modelos comuns de desenvolvimento da indústria de TV por assinatura. 

De qualquer maneira, houve uma mudança de discurso. As empresas de TV por assinatura tradicionais estão com um discurso mais aberto às mudanças em curso. Michael Powell, presidente da NCTA, reconhece que os ciclos de inovação estão mais curtos, mas destaca que o desenvolvimento da infraestrutura foi essencial para fazer o mercado de serviços de vídeos online ser possível. Foram US$ 230 bilhões investidos nas redes de banda larga por cabo investidos pelas operadoras norte-americanas nos últimos 20 anos e mais US$ 306 bilhões investidos em conteúdo, e este ano as ofertas de 1 Gbps já passaram a ser comercialmente disponíveis. Sem isso, dizem os operadores, não haveria os 40 milhões de usuários do Netflix..

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