Portugal Telecom torna-se acionista da Folha de S. Paulo

A Folha e o Universo Online (UOL) anunciaram nesta terça-feira, 4, que se unirão numa só holding para a abertura futura de capital. A nova empresa se chamará Folha-UOL S/A. Com a fusão, o grupo afirma que se tornará o segundo conglomerado de mídia no País, com faturamento estimado em R$ 1,3 bilhão. A holding será controlada em 78,81% pela família Frias e os 21,09% restantes são da Portugal Telecom (PT), acionista da Vivo, que já era acionista minoritária do UOL com cerca de 28%. Com isso, a PT torna-se a primeira empresa estrangeira sócia em um jornal brasileiro. Até aqui, dos grupos de comunicação nacionais, apenas a Abril (que não edita jornais) tem parte de seu capital vendido a um sócio do exterior (cerca de 13,8%, sob controle do fundo Capital International, Inc). A Constituição limita a presença de capital estrangeiro em empresas de comunicação social (rádio, TV, jornal ou revista) a 30% do capital total e votante.
O último balanço registrado do UOL na CVM traz R$ 441 milhões de receita líquida de vendas e serviços no ano de 2002. O prejuízo naquele ano foi de R$ 317,33 milhões. Em 2003 e 2004 a empresa deixou de registrar os balanços. Já a Folha de S. Paulo, segundo dados levados ao BNDES pelas empresas de comunicação, faturou em 2003 cerca de US$ 196 milhões.
O grupo Portugal Telecom, portanto, deixou de ter 28% do UOL para ter 21% de uma empresa maior (que engloba os jornais e demais empresas do grupo Folha). Nem Portugal Telecom nem a Folha informam os critérios de valoração das participações. Aparentemente, não houve aporte de capital por nenhuma das partes.

A data da abertura de capital ainda não está definida mas a dívida da empresa deve ser zerada até o final deste ano, segundo o presidente da empresa, Luís Frias. Além da Folha e do UOL, a empresa publica também o jornal Agora São Paulo e controla o Folha Online, o instituto Datafolha, a Agência Folha e a editora de livros e vídeos Publifolha, além de controlar 50% do Jornal Valor (ao lado do grupo Globo) e 51% da gráfica Plural (ao lado da Quad Graphics, maior gráfica de capital privado das Américas). A consolidação das empresas ainda está sujeita a registros e aprovações legais.