Na opinião de analistas ouvidos por TELETIME News, os acionistas preferencialistas da Telemar não teriam aprovado a compra da Pegasus se lhes fosse dada a oportunidade de votar. ?Pelo feedback que tenho dos clientes, sei que eles votariam contra a aquisição por esse preço?, comenta o analista de um banco. Em Assembléia Geral Extraordinária (AGE) da Telemar Norte Leste realizada na última sexta, 29 de novembro, apenas os acionistas ordinaristas tiveram direito de votar. Como a holding Tele Norte Leste Participações detém mais de 97% das ações ordinárias de sua subsidiária, a aquisição era tida como certa pois o voto da controladora já era conhecido. Mas o pagamento de uma parcela de R$ 114 milhões referente a futuros ganhos de sinergia calculados pela operadora foi votado apenas pelos minoritários ordinaristas, que optaram por aprová-lo.
Na opinião de uma fonte ligada aos fundos de pensão, que também detêm participação na holding da Telemar mas não participam do controle por já o fazerem na Brasil Telecom, os preferencialistas deveriam ter sido ouvidos. ?É verdade que a lei brasileira garante o voto apenas aos ordinaristas, mas, em algumas exceções, quando se trata de questões muito importantes e se assim quiserem os controladores, o direito de voto pode ser estendido aos preferencialistas?, disse a fonte, para quem a compra da Pegasus seria um desses casos.
A analista Carolina Gava, do BES Securities, concorda e lembra que a maior parte dos acionistas que ainda detêm ações ordinárias da Telemar Norte Leste são pessoas que não acompanham o mercado acionário e que, não raramente, sequer sabem que possuem as ações. ?Boa parte dessas pessoas recebeu esses papéis na época dos planos de expansão da antiga Telebrás?, comenta Gava. Não é de se estranhar que tenham comparecido à AGE um grupo detentor de pouco mais que 10% das ações ordinárias em posse de minoritários.
Pagamento
A Telemar desembolsará R$ 335,8 milhões pela Pegasus e herdará uma dívida de R$ 339,1 milhões da empresa adquirida, segundo avaliação feita pela última vez em junho passado. O preço é considerado alto se comparado com outras negociações concluídas recentemente no setor de telecomunicações, como a venda da Globenet por apenas US$ 48 milhões à Brasil Telecom.
Também provoca discussão o fato de haver acionistas em comum na Telemar e na Pegasus. São eles: Andrade Gutierrez, GP Investimentos, grupo La Fonte e Opportunity.
No intuito de reduzir a polêmica em torno do negócio, a Telemar contratou os bancos Goldman Sachs e UBS Warburg para definir quanto seria pago pela Pegasus.