Itagiba relaciona grampo no Supremo com BrOi

A recente crise criada pela divulgação de um suposto grampo feito pela Abin para interceptar conversas de autoridades do Supremo e do Congresso, também respingou na BrOi. A compra da Brasil Telecom pela Oi foi levantada como uma das possíveis motivações para o vazamento do conteúdo do grampo para a Veja pelo presidente da CPI das Escutas Telefônicas Clandestinas, (CPI do Grampo), deputado Marcelo Itagiba (PMDB/RJ). A pergunta com tal possibilidade foi feita ao Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Jorge Armando Felix, nesta terça, 2.
"Foi feito um negócio envolvendo as empresas Oi e Brasil Telecom. O senhor não acha bastante sintomático estar acontecendo situações que nos remetem a este passado o tempo todo?", questionou o deputado Itagiba. Em resposta, general Felix afirmou que esta "é uma hipótese que tem que ser considerada". "Nós não descartamos nada", complementou depois.
Segundo Felix, responsável pelo controle da inteligência no Brasil e a quem a Abin se reporta, é importante a Polícia Federal busque, na investigação sobre a autoria do grampo, saber quem se beneficia dessa situação. Nesses casos, sempre existem "grupos" interessados nesse tipo de situação. Mas lamentou que a pecha da execução de um grampo ilegal caia novamente sobre a Abin. "O que nos preocupa é que a agência brasileira de inteligência, mais uma vez, está sendo acusada de fazer escutas telefônicas ilegais o que prejudica a imagem da instituição", afirmou Felix.

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O general, no entanto, não respondeu questões mais diretas de que as maiores suspeitas do governo sobre a autoria da escuta recairiam sobre Daniel Dantas, dono do Opportunity, ex-acionista da Brasil Telecom e investigado pela Polícia Federal. Segundo informações veiculadas pela imprensa, Felix teria apresentado esta hipótese durante a reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda, 1.
Na CPI, o general não confirmou suas suspeitas. "Foi uma reunião reservada, de forma que eu não tenho, eticamente, o direito de mencionar qualquer coisa que tenha sido dita nessa reunião", justificou-se. Felix também afirmou que, ao apresentar suas suspeitas, poderia ser acusado mais tarde de estar influenciando a investigação que está sendo conduzida pela PF.
Felix deixou clara apenas uma posição: a de que não acredita que o grampo tenha sido realizado pela Abin. O general disse em diversos momentos que a possibilidade de um funcionário ter executado, por conta própria, um ato como este é sempre possível, mas assegurou que uma ordem de realização de uma escuta ilegal não partiu, institucionalmente, da agência de inteligência.

Spy vs. spy

O general Felix também comentou o episódio da Operação Satiagraha em que Humberto Braz, ex-presidente da Brasil Telecom e consultor do Opportunity, percebeu que estaria sendo seguido. Tal episódio é relevante porque foi a partir dele que se deu a iniciativa do ex-deputado Luis Eduardo Greenhalgh (advogado de Dantas) de entrar em contato com Gilberto Carvalho, secretário de Lula, para obter informação sobre as investigações contra o banqueiro. À CPI, Dantas disse que Greenhagh trataria dos seus interesses junto aos fundos de pensão. Recentemente, soube-se que era um agente da Abin quem seguia Braz.
O general Felix, por sua vez, afirmou que "há coisas interessantes nesse caso" e disse achar "estranho que esta pessoa (Humberto Braz) ande com o telefone da delegacia anti-sequestro no bolso", lembrando aos parlamentares que possivelmente nenhum deles teria o mesmo telefone. "Esta pessoa (Braz) liga e é prontamente atendida, sem aquele prazo de 48 horas. Ou seja, parece que havia alguém externamente acompanhando essa nossa pessoa (agente)".

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