Em um dia de intensas especulações sobre o futuro da Sky no Brasil com a fusão entre AT&T e Time Warner por conta das questões regulatórias específicas do país, uma das análises mais originais colhidas por este noticiário envolve a Dish, operadora de TV por assinatura do bilionário Charles Ergen. A Dish é a segunda maior operadora de DTH nos EUA, com cerca de 13,5 milhões de assinantes, e é a concorrente direta da DirecTV naquele país. A operadora está sofrendo agressivamente com a perda de assinantes nos EUA, e apesar de ter uma aposta agressiva num modelo de TV paga OTT, em que seus conteúdos são comercializados para assinantes de banda larga sem passar pela infraestrutura de satélites, o principal business de TV paga de Ergen ainda é o modelo tradicional, via satélite. Para mantê-lo saudável e impulsioná-lo, precisa ir além do mercado norte-americano, onde a concorrência (inclusive agora com a AT&T adquirindo a Time Warner) tende a se acirrar. A empresa tentou se expandir no México e analisou o mercado da América Latina, mas até agora sem efetividade.
Pois Charles Ergen, por meio da Hughes, é dono de uma importante posição orbital no Brasil, pela qual investiu quase US$ 100 milhões, adquirida em 2011 depois de uma disputa justamente com a Sky. O principal uso desta posição é para DTH em banda Ku. A empresa chegou a negociar com a Telefônica/Vivo uma parceria para operar no Brasil, e depois com a GVT, com quem celebrou um memorando de intensões para a formação de uma joint-venture, que acabou não se concretizando. Depois disso, a operadora, que chegou a contatar programadores e possíveis distribuidores, sumiu do mapa. A última informação que se tem sobre os possíveis planos de Ergen para o Brasil são de que, conforme previsto na licitação de posição orbital e frequências de operação, um satélite está sendo construído e deve ser lançado até o começo de 2017. A se confirmar esse plano, significa que, depois do que foi investido na posição e no equipamento (a construção e lançamento de um satélite deste porte não custa menos de US$ 400 milhões), Ergen terá uma imensa capacidade para banda Ku no país. A Sky (hoje AT&T) também deve receber um novo satélite em breve, ampliando significativamente sua capacidade. A especulação é se a Dish não poderia se tornar candidata a adquirir as operações da DirecTV Latin America da AT&T, incluindo a Sky. Lembrando que a Echostar (antigo nome da operadora Dish) e DirecTV já tentaram se fundir nos EUA e, 2001, mas não conseguiram a aprovação regulatória necessária.
Em junho deste anos, a HughesNet, outra empresa do grupo de Charles Ergen, iniciou sua operação de banda larga via satélite no Brasil, usando a tecnologia de banda Ka contratada junto à Eutelsat. Nos EUA, o grupo tem 600 mil clientes de banda larga via satélite.
Telefônica/Vivo
Para a Telefônica/Vivo, conforme analisou este noticiário, a compra da Sky também poderia fazer sentido, mas alguns observadores atentos chamam a atenção para o fato de que, para a empresa espanhola, talvez seja mais interessante colocar o volume de dinheiro de uma eventual compra de uma operação de DTH em investimentos na sua própria rede de fibra, fortalecendo a sua presença no mercado de banda larga. Afinal, o que a recente recessão brasileira mostrou é que se existe um produto de telecomunicações que o brasileiro não abriu mão durante a crise foi a banda larga fixa, que não perdeu base em nenhum trimestre ao longo da longa retração do mercado, quando o segmento de TV e, sobretudo, celular pré-pago sofreram em maior medida.
IPO
Um terceiro caminho possível para resolver o problema regulatório da AT&T com a Sky no país é uma pulverização em bolsa do controle da empresa. Este caminho está se desenhando há algum tempo, desde que a DirecTV Latin America se tornou uma unidade de negócios independente da DirecTV norte-americana. Um IPO da empresa, com uma capitalização em bolsa e possível diluição do acionista controlador, a AT&T, poderia mudar o quadro societário. Esta seria uma possibilidade para a que a operadora norte-americana ficasse com um percentual que não caracterizasse controle da operação de DTH, uma vez que não se considera viável que a Time Warner deixe de atuar como programadora no mercado de TV paga brasileiro (hoje com os canais HBO, TNT, CNN, Esporte Interativo, Cartoon entre outros).
ok
Essas movimentações de negócios são ótimas para o mercado e para o consumidor brasileiro. Aguardemos.