Provedores regionais devem mirar tecnologias avançadas, afirma Abrint

Mauricélio Oliveira, da Abrint

A demanda por um tráfego maior de dados deve ampliar a busca de provedores regionais por tecnologias avançadas, resultando em novas oportunidades para fornecedores. O diagnóstico é de Mauricélio Oliveira, diretor presidente da Abrint (Associação Brasileira de Provedores de Internet e Telecomunicações), em entrevista ao TELETIME durante o Furukawa Summit, nesta sexta-feira, 17.

Ao registrarem um crescimento fora da curva nos anos de pandemia, os provedores de banda larga também ampliaram na época a demanda por equipamentos. Esse movimento gerou um excesso de estoques que, em pleno 2024, ainda afeta a venda de fornecedores gigantes do mercado de telecom.

"Foi algo impressionante. Crescemos 10%, 20% e até 30% no espaço de oito meses. Houve aquele 'boom' de compra, mas o problema é que, no pós-pandemia, esse mercado não se manteve naquele nível. Você acabou perdendo muitos acessos porque a pessoa voltou à vida normal", disse Oliveira.

Notícias relacionadas

Segundo o presidente da Abrint, o avanço agora deve ser por meio da tecnologia, para possibilitar infraestruturas mais parrudas. Uma das frentes é a migração da rede GPON (Rede Óptica Passiva Gigabit), de até 2,5 Gbps, para XG-PON, passando a oferecer bandas com até 40 Gbps.

"Devemos ter uma alteração no 'core' dos provedores e também no assinante. Com essas tecnologias, certamente haverá uma troca de equipamentos para subir a banda larga e atender esses novos serviços. Talvez haja uma retomada do ciclo de compra com essa atualização porque será necessário repor toda a base", afirmou Oliveira. 

Competição acirrada

Se a expansão durante o isolamento social levou a construção de redes em massa, hoje a ocupação pelos usuários ainda é baixa. 

O entrave é justamente a competição acirrada no setor, observa Oliveira. "Nós estamos realmente no limite porque a concorrência entre os provedores está muito forte. Então, a ocupação acaba sendo mais baixa por conta disso, o que gera um problema de ocupação nos postes", diz Oliveira.

Ainda para ele, a disputa entre as PPPs (Provedoras de Pequeno Porte) e as PMS (Poder de Mercado Significativo) deve começar agora. "A gente já sente isso acontecendo e, por isso, as grandes estão reclamando e querendo transformar o setor, tirar o conceito de PPP dos pequenos", disse. "A qualidade do pequeno é melhor por conta da proximidade com os clientes. Eu conheço meus usuários pelo nome, eles me ligam, falam com o dono da empresa."

Ainda de acordo com o presidente da Abrint, as grandes operadoras não necessariamente perderam clientes para os pequenos porque estes escolheram iniciar a expansão pelos rincões do País. Porém, hoje o segmento também busca ganhar mercado nas capitais. 

Mas o diretor-presidente da Abrint acredita que o cenário é cíclico: quando um pequeno passa a ganhar muita capilaridade e constrói uma base sólida de usuários, ele consequentemente perde parte dessa proximidade com o consumidor e tende a ser ultrapassado por players que estão em ascensão. Essa espécie de efeito dominó também favorece a qualidade do serviço de banda larga.

Sobre novas fusões e aquisições, Oliveira avalia que houve uma redução de M&As, mas os negócios devem continuar. "Houve uma redução até porque o valor das aquisições em si caiu. Talvez, isso tirou o interesse de muitos provedores em venderem na realidade atual", disse. 

Além disso, como os consumidores desta parte do mercado têm atualmente mais opções, a taxa de churn desses players também é elevada. "De uma carteira adquirida com 1 mil clientes, certamente há uma perda. Até pelo próprio DNA da empresa, de como a empresa trabalha. A partir do momento em que cresce, ela passa a ter os mesmos problemas das grandes, de não ter mais aquela pessoalidade, aquela aproximação com o cliente final", diz.

Regulação

Por outro lado, Mauricélio se mostra preocupado com a possibilidade da extinção das assimetrias regulatórias para as prestadoras de pequeno porte (PPPs). No início deste mês, o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, declarou que o conceito de PMS – que fixa obrigações para as grandes na banda larga – pode ter perdido o sentido, mas indicou que o conceito de PPPs deve ser mantido, apesar de críticas das incumbentes.

"O que preocupa a gente é porque não temos como comparar um pequeno provedor de mil, dois mil assinantes com a PMS, que tem milhões de assinantes. O poder de mercado dessas empresas é muito grande se elas concorrem de igual para igual. Então, não tem como ter um ajuste de regras", disse. 

Multifibra

Durante o Furukawa Summit, a Furukawa anunciou uma solução multifibra para operadoras de redes neutras e provedores. A plataforma de conectividade ClickPin permite conexões do tipo plug and play, com até 12 fibras por conector. Como benefício, oferece a possibilidade de múltiplos acessos via fibras ópticas aos assinantes residenciais, a disponibilidade para sites 5G com conexões ponto a ponto e aos clientes corporativos com links dedicados a partir do mesmo ponto de acesso.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
CAPTCHA user score failed. Please contact us!