Um refresco no aquecimento global

Marcio Lino, sócio fundador da Colin Consultoria

Recentemente, ao final de março, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) lançou o último Relatório Síntese sobre Mudança Climática 2023, trazendo à tona as perdas e danos causados pela mudança global do clima. Mais uma vez alertas sobre as consequências irreversíveis da ação do homem sobre o aquecimento global, em especial, quanto as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) decorrentes da queima de combustíveis fósseis, uso de energia, uso do solo, estilo de vida, padrões de consumo e padrões de produção foram indicados como fatores do aumento da temperatura do planeta em 1,1°C, comparada aos padrões pré-industriais (anteriores à 1.900).

Alertas sobre tais riscos e externalidades estão rotineiramente no discurso de especialista da academia, de governos e de ONGs. O "call to action" da Rede Pacto Global à iniciativa privada para assumir seu protagonismo na redução (e regeneração) das emissões de GEE inovou, na última semana, lançando o IPO do planeta: o TERR4, iniciativa para alertar a sociedade e incentivar empresas na adesão ao pacto e rumo à Agenda 2030.

Muito se escreve sobre riscos e externalidades associadas ao aquecimento global. Entidades como a OCDE e o Banco Mundial apontam aumentos entre 40% e 50% nas emissões de GEE nos últimos 20 anos. Entretanto, pouco se fala e reconhece das oportunidades direta e indiretamente capturadas pela indústria de telecomunicações. Os investimentos que as principais prestadoras de serviço realizaram nos últimos anos rumo à transição energética de baixo carbono, com o uso de fontes renováveis, é um exemplo concreto de contribuição para redução das emissões diretas.

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A boa notícia é que o potencial das oportunidades indiretas, capturadas por meio dos serviços prestados pelo setor, são promissoramente ainda mais significativos nesse ecossistema. Quando videoconferências e plataformas colaborativas são usadas para o trabalho ou, quando aplicativos, redes sociais e meios digitais possibilitam a educação remota, uma consulta médica virtual, reduzem-se as emissões de GEE, pois. não há queima de combustíveis fósseis por carros ou aviões usados para deslocamento. Conectividade é "ESG Environmental, Social and Governance driven"!

A digitalização do campo é um bom exemplo de oportunidade indireta capturada, e com potencial ainda não plenamente explorado nas redes 5G. O agronegócio, hoje conectado, reduziu a quantidade de máquinas operatrizes, otimizou a cadeia logística de distribuição e se tornou mais eficiente no combate a incêndios e pragas. Tal uso mais eficiente do solo tem levado o país à recordes de produção agrícola, também à menor emissão de GEE. E ainda não falamos da indústria 4.0.

O setor tem uma longa jornada positiva oculta. Desde a privatização, a Anatel tem contribuído nessa equação com a regulamentação e estímulo ao compartilhamento de infraestrutura (torres, last mile, redes de acesso e operadoras virtuais, p.e.), o que evita a duplicação de redes e, por consequência, mitiga a cadeia de extração de recursos naturais, industrialização e logística associada.

Ainda há espaço para o setor se coordenar, não somente na redução de riscos e externalidades, mas para um caminho de oportunizar a regeneração e, conjuntamente com a sociedade, dar um refresco no aquecimento global. Reinvestir nas ações da TERR4!

*Sobre o autor: Marcio Lino é sócio fundador da Colin Consultoria, executivo do setor de tecnologia e colabora periodicamente com TELETIME sobre temas da agenda ESG. As opiniões expressas nesse artigo não necessariamente refletem o ponto de vista de TELETIME.

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