Infraestrutura de telecom é essencial no desenvolvimento de aplicações de IoT

O desenvolvimento do mercado de Internet das Coisas (IoT) no Brasil ainda está se dando de maneira pontual, com experiências isoladas e focadas em um determinado segmento. Os exemplos mais comuns são os relacionados a cidades digitais e smartgrids (redes de energia inteligentes). Uma das experiências é a da EDP, distribuidora de energia, que resolveu transformar a rede em Aparecida/SP, em uma rede elétrica inteligente. Segundo Jeferson Marcondes, gerente de desenvolvimento de tecnologias da empresa, um dos principais problemas enfrentados foi com relação à rede de telecomunicações para dar capacidade de comunicação aos mais de 7 mil medidores digitais instalados. "Tentamos ligar os equipamentos pela rede GPRS das celulares mas foi impossível, e elas não tinham condições de resolver o nosso problema, o que nos forçou a fazer uma rede própria com a tecnologia WiMax", diz. Segundo ele, a empresa já tem uma rede com quatro ERBs na cidade que deve ser ampliada para dar conta da capacidade de comunicação. Segundo Marcondes, para as empresas de energia questões como medição inteligente, automação na distribuição, geração distribuída de energia e mobilidade de equipes são aspectos essenciais na estratégia de qualquer empresa do setor elétrico hoje,  "e tudo isso depende de telecom".

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O presidente da Telefônica no Brasil, Antonio Carlos Valente, admitiu que a operadora que não conseguiu atender à EDP foi a Vivo. A razão, segundo apurou este noticiário, era a dificuldade de assegurar a capacidade de comunicação necessária pela aplicação dos medidores digitais em uma rede wireless projetada para atender ao público geral. Questões como necessidade de alta confiabilidade, boa capacidade de tráfego e alta demanda da rede de sinalização complicaram a integração dos medidores inteligentes de energia à rede da Vivo.

Para Carlos Brandão, diretor de planejamento da Oi, esse é um dos grandes desafios para o desenvolvimento do mercado de Internet das Coisas. "É preciso pensar em um tipo diferente de demanda, com outra equação de receitas e outra realidade regulatória, além de uma forte demanda da rede de sinalização. Não é simples ter todas as coisas conectadas", disse ele.

Valente ressalta que no desenvolvimento do mercado de Internet das Coisas, sobretudo no universo das Cidades Inteligentes, há ainda um outro problema, que é o tratamento que se dá no uso de redes cujo funcionamento depende de espectro não-licenciado e redes que usam espectro licenciado. Além da questão de custos, os parâmetros de qualidade são completamente diferentes. Em projetos de Cidades Digitais, muitas vezes provedores que usam WiFi e provedores tradicionais de telecomunicações muitas vezes competem em condições similares quando disputam parcerias com municípios, exemplificou Valente.

Questionado sobre o grau de preparação das operadoras de telecomunicações para lidarem com a realidade de bilhões de dispositivos conectados, seja na capacidade de rede quanto nos sistemas, Carlos Brandão, diretor da Oi, reconheceu que será necessário um planejamento muito cuidadoso. Mas, segundo ele, "a realidade de bilhões de dispositivos conectados ainda não é algo que se possa ver a curto prazo".

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