Os analistas de mercado que acompanham a indústria de TV a cabo nos EUA deram um conselho importante para os operadores de cabo durante a NCTA Cable 2011, que acontece esta semana em Chicago: operadores de TV paga não devem tirar o foco de suas atividades para tentar se tornar empresas do Vale do Silício em busca de novos modelos de negócio e aplicações inovadoras. Isso, segundo os analistas, deve ser feito, mas por parceiros. "Os operadores precisam se focar em entregar o serviço com qualidade e mandar a fatura no final do mês, porque isso é o mais importante", disse o provocativo analista do Citibank, Jason Bazinet.
"A empresa que conseguir estar integrada a todas as plataformas de distribuição de vídeo estará sempre mais bem posicionada para enfrentar o que vier pela frente, mas não se pode esquecer que hoje o vídeo ainda é mais da metade dos lucros das operadoras", disse o analista do Morgan Stanley, Benjamin Swinburne, lembrando que as receitas com vídeo e as margens têm aumentado significativamente nos últimos anos.
Ele enfatizou que o foco das operadoras deve ser sempre naquilo que agregue valor à rede já existente. Novas aventuras, na visão dos analistas, devem ser deixadas de lado.
Uma dessas aventuras é a entrada no mercado de mobilidade. Para os analistas, as operadoras de TV paga não devem perder o foco e gastar dinheiro tentando ser operadoras móveis ou criar parcerias caras, como a que foi estabelecida entre as maiores operadoras de cabo e a Clearwire e o Google para a oferta de banda larga em redes WiMAX, parceria que até hoje não deu em nada e consumiu várias centenas de milhões de dólares.
Ameaças
Mas os analistas estão atentos aos riscos da indústria de TV por assinatura. Para eles, o modelo do NetFlix aponta para um risco. "Mas o meu maior medo é em relação a coisas que não existem ainda mas que podem surgir na mesma linha do NetFlix", diz o analista do Citibank, exemplificando com uma hipotética parceria entre a Apple e uma operadora de TV paga via satélite, por exemplo.
Para Thomas Eagan, da corretora Collins Stewart, um dos riscos é o mercado de domicílios com apenas uma pessoa. São 14% dos lares nos EUA nessa situação. "Esse é o mercado que mais facilmente cancelaria a TV por assinatura para ficar só com conteúdos online".