O processo competitivo para venda da unidade de clientes de fibra óptica da Oi (a UPI ClientCo) realizado nesta quarta-feira, 17, teve apenas uma proposta: da Ligga Telecom, que ofereceu R$ 1,030 bilhão pela aquisição de toda a base nacional de 4,3 milhões de assinantes.
O preço mínimo esperado pela Oi pelos ativos era de R$ 7,3 bilhões. Dessa forma, o processo foi suspenso para avaliação da proposta por credores da tele. Em caso de negativa, uma segunda rodada será realizada – onde há compromisso da V.tal em adquirir os ativos. Foi designado o dia 6 de agosto para retomada da audiência.
O processo competitivo é conduzido pelo juízo da 7ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro, que supervisiona a recuperação judicial da Oi. A abertura de envelopes com as propostas fechadas da primeira rodada começou às 14h. Vero e Brasil TecPar também estavam habilitadas, mas não apresentaram ofertas.
"Durante a audiência, verificou-se a existência de apenas uma proposta fechada para aquisição total da UPI ClientCo (Lote 1), a qual cumpriu com as condições previstas no Edital e no Plano de Recuperação Judicial e foi apresentada pela Ligga Telecomunicações S.A., com um preço proposto de R$1,03 bilhão, a ser pago à vista, em dinheiro e moeda corrente nacional", detalhou a Oi, em fato relevante.
Interessada conhecida na ClientCo, a operadora paranaense é controlada pelo empresário Nelson Tanure. A Ligga é fruto da união de ativos adquiridos pelo grupo do investidor, como a Copel Telecom e a Sercomtel.
Já outras operadoras não oficializaram propostas. Segundo apurou TELETIME, as condições impostas no negócio justificaram a decisão – em especial, as condições para uso da rede neutra da V.tal, que suporta os clientes de fibra da Oi. A avaliação é que com o contrato, o custo operacional poderia ser inviável para uma operação futura de unidade.
A própria proposta da Ligga foi baixa para os padrões de mercado: cerca de R$ 233 por assinante, considerando os 4,3 milhões de clientes em jogo. A título de comparação, uma operação entre provedores regionais anunciada nesta segunda-feira (entre Brasil TecPar e Nova Telecom) teve valor de cerca de R$ 1,6 mil por assinante.
Futuro
"Tendo em vista que o preço proposto pela proponente para aquisição da UPI ClientCo, é inferior ao preço mínimo de R$7,3 bilhões, o Juízo da Recuperação Judicial […] suspendeu a Audiência Primeira Rodada, para que a Administração Judicial submeta a proposta apresentada pela Proponente à análise e deliberação dos Credores", completou a Oi.
As classes que têm o direito de opinar são credores que optaram pela "Opção de Reestruturação I" na recuperação judicial da tele e "Credores da Dívida ToP sem Garantia 2024/2025 Reinstated – Opção I".
Pelos termos, a administração judicial da recuperação da tele tem dois dias úteis a partir da data da audiência para submeter a proposta da Ligga ao grupo de credores da Oi com poder de decisão sobre a venda em valor abaixo do preço mínimo. Após o recebimento, os credores têm até dez dias para comunicar a decisão à administração judicial. Isso implica em resposta ainda neste mês de julho.
Em caso de negativa, deve ser realizada segunda rodada do processo competitivo. Em abril, a V.tal firmou um acordo com credores da Oi para adquirir a unidade de clientes de fibra óptica da tele nestas circunstâncias, em troca de determinados ativos e créditos contra a Oi, que seriam assumidos pela V.tal.
O acordo em questão envolvia o chamado Ad Hoc Group – ou o grupo de credores financeiros internacionais titulares de notas emitidas pela Oi no exterior (noteholders) e agências de fomento internacionais (as chamadas ECAs).
A venda da unidade de clientes de fibra da Oi faz parte do plano de recuperação judicial da tele, mirando o levantamento de recursos para o pagamento de compromissos.
(Colaborou Samuel Possebon)