As redes celulares estão ficando cada vez mais automatizadas. Nos últimos anos, vem ganhando força entre as operadoras a adoção de soluções de SON (Self Optimizing Network), que permitem que a própria rede se auto-ajuste de acordo com as necessidades do momento. O próximo passo deverá ser a expansão dessa solução para microcélulas, cada vez mais presentes nas redes das teles, especialmente com o 4G e diante da necessidade de instalar pontos de acesso Wi-Fi para desafogar o tráfego. A brasileira WebRadar, que já fornece um software de SON na nuvem para teles de toda a América Latina, está desenvolvendo uma versão para small cells, cujo lançamento está previsto para acontecer até o fim deste ano, revela seu CEO, Adriano Lima, em entrevista para MOBILE TIME.
"A SON para macrocélulas é um benefício (para as teles). Já a SON para small cells será mandatório. É uma solução mais abrangente porque engloba a configuração inicial da estação", explica o executivo. A proliferação de microcélulas em estabelecimentos comerciais, escritórios corporativos e eventualmente até dentro de residências tornará impossível a administração de rede de outra forma que não através da automatização viabilizada por uma solução de SON, prevê.
Hoje, a solução de SON da WebRadar, batizada de netWise inclui basicamente quatro funções: 1) automação de critérios de vizinhança entre células, a partir do monitoramento do deslocamento dos usuários; 2) balanceamento de tráfego, alterando a capacidade de transmissão de cada ERB de acordo com a necessidade ao longo do dia; 3) self-healing (reorganização automática da rede em caso de falta de energia ou de defeito em algum site); 4) redução de interferência. Todas são tarefas que antes precisavam ser feitas por engenheiros e que tomavam bastante tempo. Se com poucas macrocélulas já era complicado, com a proliferação de microcélulas ficará praticamente impossível sem um software de SON.
Além da redução de Opex, a SON ajuda na garantia de receita, pois contorna mais rapidamente problemas de queda de sinal. "Tenho um case feito com um cliente que obteve um ganho de US$ 200 milhões em um ano, entre redução de Opex e redução de perda de receita", relata. Ele estima que em média o retorno sobre o investimento em uma SON aconteça em no máximo seis meses.
Negócios
A WebRadar tem contratos com operadoras de 15 países. A maior parte de sua receita vem de fora do Brasil. Como a solução é hospedada na nuvem, não há necessidade de escritórios locais. Entre seus clientes estão a Nextel em cinco países, a Telefônica em três (Peru, Chile e Equador), a Nokia Solutions and Networks (NSN) em sua rede na Oi, dentre outros. Lima não pode abrir o faturamento exato, mas diz que ano passado a receita ficou "acima de R$ 16 milhões" e a previsão é crescer quase 100% este ano. Além da SON, a empresa desenvolve sistemas de CEM (Customer Experience Management) e softwares para o setor elétrico. O setor de telecom responde por 85% do seu faturamento.
