Os investimentos pesados que as operadoras vêm realizando em SDP (plataforma de entrega de serviços) para a oferta de novos serviços e conteúdos digitais podem resultar em um retumbante fracasso se elas não se reposicionarem na cadeia da produção digital. A observação em tom de alerta foi feita pela gerente de soluções para telecomunicações da IBM, Glauciene Bentes, durante palestra no 1º Fórum de TI para Operadoras, realizado nesta quarta-feira, 12, e promovido pelas revistas TELETIME e TI Inside, com realização da Converge Comunicações.
Para a especialista, que participa de um grupo de estudos mundial da IBM sobre novas tecnologias, ao contrário da estratégia que vem sendo seguida por muitas operadoras, a criação, distribuição e gerenciamento de conteúdo digital deve ficar a cargo de outras empresas que compõem a cadeia, tais como estúdios e gravadoras, os chamados agregadores ? que comercializam conteúdos e gerenciam os direitos autorais ?, distribuidores e portais. ?As teles que quiserem ser bem-sucedidas terão de se reposicionar para ficar no centro dessa cadeia, formando parcerias com essas empresas, já que a produção de conteúdo não faz parte nem do know-how nem do negócio delas?, diz Glauciene.
Ela ressalta que as operadoras têm inúmeras outras competências ? nas quais deveriam concentrar o foco ? que podem trazer ganhos de receita, além de retorno do investimento em redes, TI e sistemas para a implantação das plataformas SDP. Um bom posicionamento, na opinião da executiva, seria na área de propaganda on-line, uma das que mais vêm crescendo nos últimos tempos na internet. Como exemplo, cita a Vodafone, que recentemente firmou um acordo no Reino Unido com uma empresa de publicidade para fornecer propaganda on-line nos seus serviços de conteúdo. Os clientes que aceitam anúncios nas telas ganham descontos em serviços.
A especialista da IBM diz que esse reposicionamento na estratégia para a oferta de conteúdo digital é também uma forma de as operadoras se defenderem da competição com distribuidores e portais, que não necessitam da rede de telefonia para oferecer seus conteúdos.