Rede social, streaming, live, e-learning, e-finance, e-sport, … dentre centenas de termos e aplicações que conhecemos no uso da internet em nosso dia a dia, estamos rumo à realidade (inimaginável no século XX) de um mundo conectado. Conectar é um ato coletivo, humano e social que o brasileiro se ajustou rapidamente. Mas, como a conectividade fala com a pauta ESG?
Fala com tudo! Tanto que, em 2018, a International Telecomunication Union – ITU pensou na Agenda Connect 2030 para acelerar o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS da ONU (Agenda 2030), por meio de 5 drivers: acesso à economia digital; acesso à internet para todos; crescimento sustentável das TICs; transformação digital suportada pela inovação e; cooperação entre os diversos stakeholders. Hoje, estamos na "década de ação" da Agenda 2030 e a percepção comum é que o mundo precisa acelerar essa pauta.
Aqui no Brasil, o objetivo de "acesso à internet para todos" já se faz presente em Políticas Públicas e nos investimentos da iniciativa privada desde os primórdios da universalização da telefonia fixa e dos serviços de valor adicionado. Os dados mais recentes do Banco Mundial trazem que, desde a privatização em 1998, partimos de 1,48% da população com aceso à internet para 80,69%, em 2021. Se olharmos apenas os últimos 5 anos, percebemos que 20% da população brasileira passou a ter acesso à internet. É significativo. No mesmo período, em escala global, o Global Connectivity Report 2022, publicado pelo ITU, aponta um crescimento de 3% para 63% de usuários de internet no mundo. Bom indicador de desenvolvimento social!
Programas como o Wi-Fi Brasil, Nordeste e Norte Conectado e as obrigações decorrentes do Leilão do 5G são exemplos recentes de políticas públicas. A potência do desenvolvimento social trazida pela conectividade vai além do senso comum presente no ODS4 – Educação de Qualidade ou no ODS8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico. Os dispositivos da Internet das Coisas – IoT podem facilitar o gerenciamento inteligente de água e saneamento, por exemplo, para medir o consumo e monitorar a qualidade contribuindo com o ODS6 – Água Potável e Saneamento ou, como estamos presenciando, tornar a agricultura mais orientada à dados para aumentar o rendimento das colheitas, em linha com o ODS2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável.
Fomentar e facilitar o acesso aos recursos de capital necessários aos investimentos em infraestrutura ainda faz parte do capítulo do gap digital brasileiro. Os dados da última Pesquisa TIC Domicílios apontaram que 20% dos brasileiros ainda não têm acesso à internet (40%, no recorte de classes D e E). A inclusão digital é, ao mesmo tempo, desafio e a contribuição das mais relevante para a economia, crescimento do PIB e redução desigualdades na agenda ESG do setor.
A penetração e uso de internet no Brasil, comparável aos padrões da União Europeia, norte da Ásia e da América, é uma ótima realidade para o setor. Entrar na jornada da "década de ação" significa agir para uma realidade +inclusiva e +digital. Fechar o gap de cobertura (em especial no Norte e Nordeste do país), atuar no gap de uso (preços e devices, p.e.) e atingir padrões de velocidade acima do básico para todos. Temos ainda 7 anos pela frente!
*Sobre o autor: Marcio Lino é sócio fundador da Colin Consultoria, executivo do setor de tecnologia e colabora periodicamente com TELETIME sobre temas da agenda ESG. As opiniões expressas nesse artigo não necessariamente refletem o ponto de vista de TELETIME.