O conselheiro da Anatel, Pedro Jaime Ziller, em entrevista dada com exclusividade a este noticiário, mostra que a agência de fato caminha para analisar do ponto de vista concorrencial a entrada das teles no mercado de TV paga, seja com a compra de operações de cabo (caso da Telemar), ou com a aquisição de licenças de DTH (caso da Telefônica). E não está descartada sequer a hipótese da implantação de um novo modelo de concessão de serviço de telecomunicações que divida a operação de redes das teles da prestação do serviço em si, como alternativa para que a Anatel autorize as incumbents locais a entrarem em novos setores, como o da TV por assinatura. O conselheiro diz que será o relator do processo que trata da compra da Way TV, de Minas Gerais, pela Telemar, processo esse que ainda está na Superintendência de Comunicação de Massa para análise.
Mas Ziller deu a entrevista fazendo referência não só à compra da Way, mas também à autorização da licença de DTH solicitada pela Telefônica. ?Na análise destas duas propostas, a Anatel tomará todos os cuidados para garantir a concorrência no segmento de televisão por assinatura?, destacou o conselheiro. Ele não descarta a possibilidade de condicionar a autorização da entrada das concessionárias nesses novos serviços a uma revisão futura do contrato de concessão: ?Deste modo estaremos evoluindo para oferecer licenças de serviços de telecomunicações únicas.?
Empate regulatório
Segundo o conselheiro, ele já foi procurado pela Telemar e por empresas de TV por assinatura para tratar da compra da Way TV. Disse que ouviu argumentos sobre aspectos regulatórios dos dois lados e que ambos são muito consistentes e fortes. "Com isso, a decisão terá que ser no campo concorrencial. Teremos que definir o que é melhor."
Qualidade criticada
Ao mesmo tempo em que de certa forma se alinha com o pleito das empresas de TV paga, que querem que a análise da entrada das teles no mercado de TV por assinatura se dê no campo concorrencial, Ziller também mostra que não está satisfeito com a qualidade dos atuais serviços de TV paga. ?Eu acho que o grande problema da televisão por assinatura é a relação custo/benefício. Eu pago muito caro pela qualidade do serviço que obtenho com a minha operadora, por exemplo. E ainda tenho que pagar pelo ponto extra, o que considero um absurdo e até mesmo um abuso. Isso para não dizer que se trata de uma visão mercadológica equivocada, pois o oferecimento do ponto extra de forma gratuita poderia aumentar o número de assinantes com aumento da rentabilidade, mais do que cobrar pela instalação destes pontos?.
O conselheiro reclama ainda do conteúdo dos canais de televisão por assinautra disponíveis no País: "Acabo vendo televisão aberta, algum jogo interessante, algum filme quando não está sendo repetido, mas não passa disso. É muito dinheiro para poucas opções reais.?
