A Merrill Lynch divulgou a investidores financeiros uma análise sobre a compra do provedor de Internet iG pela Brasil Telecom. Como boa notícia, a análise da ML aponta apenas o fato de que, aparentemente, o Opportunity não está vendendo a sua participação, o que geraria problemas de governança corporativa. Segundo a análise da Merrill Lynch, é incerto o retorno do investimento já que a principal remuneração do iG vem da atividade do portal e provedor. Em relação às receitas de interconexão geradas pelo tráfego do iG, diz a ML, o problema é uma eventual mudança de regras, por exemplo com a adoção do modelo de bill-and-keep. A valoração do iG, portanto, dependeria dos dados financeiros da atividade do provedor e portal em si, o que não é possível, diz a Merrill Lynch, dada a falta de dados.
Apesar do alívio manifestado pela análise em relação ao fato de aparentemente o Opportunity não ter sido parte do negócio como vendedor, evitando assim problemas de governança corporativa, a análise da Merrill Lynch pode ter perdido um detalhe: entre os vendedores está a NG9 Internet Investments e "administradores da empresa", segundo o fato relevante. A NG9 Internet Investments é uma empresa estrangeira, mas provavelmente ligada ao fundo fechado NG9 Opportunity FMIA, registrado no Brasil e administrado pelo Opportunity. O "NG" é homenagem a Nizan Guanaes, fundador do iG e sócio de Daniel Dantas em outros negócios.
Entre os demais vendedores, estão não só a Telemar (através da sua subsidiária Digital Networks Investments Ltd), mas também os próprios acionistas da Telemar Andrade Gutierrez, GP e La Fonte (através da empresa Infinity Trading Ltd). A Telemar, em 2001, pagou cerca de US$ 50 milhões pela participação no iG, adquirida justamente destes seus acionistas. Na ocasião, apostava-se que os provedores gratuitos seriam grande fonte de receitas de interconexão. A Anatel, então, deixou claro que nenhum provedor de acesso pode ser remunerado pelo tráfego gerado.
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