Tudo indica que a entrada da Vivo nas regiões onde ela ainda não opera será motivo de muita contestação por parte das outras operadoras, ou pelo menos da Telemig Celular, que é quem está abertamente abrindo a disputa. Ricardo Sacramento, presidente da Telemig Celular S/A, diz que a operadora "fará o possível para que isso não aconteça".
"O mercado foi desenhado para quatro operadoras, vamos discutir a possibilidade de um quinto entrante porque isso coloca em risco o equilíbrio econômico-financeiro dos nossos contratos", afirmou o executivo. Vale lembrar que a Telemig, mesmo reconhecendo que o modelo foi feito para quatro empresas, tentou a todo custo barrar a entrada da Claro no Estado, utilizando-se de mecanismos judiciais e administrativos.
Ainda assim, Sacramento diz que não está sozinha nessa briga. Garante que Oi e TIM teriam a mesma opinião. ?Não tenho nada contra a Vivo, mas a entrada dela é uma mudança da regra no meio do jogo. Ela é muito forte e traz problemas para as outras companhias?, disse ele. A Vivo pretende estender sua cobertura para Minas Gerais e seis Estados do Nordeste com a compra de faixas que estavam destinadas ao WLL. O leilão dessas faixas está condicionada à consulta pública sobre a reestruturação das faixas de freqüência.
Isolamento
A posição da Telemig Celular S/A tende a ser mais dura porque é uma operação isolada, envolta em conflitos societários intermináveis e que será, fatalmente, vendida até o final do ano que vem. Toda a cadeia societária da Telemig, excluindo a operadora em si, é hoje comandada pelos fundos de pensão e pelo Citibank, que querem se desfazer do negócio e tem acordo para fazê-lo até o final de 2007. Por meio de recursos na Justiça, contudo, o Opportunity se mantém no comando da Telemig Celular S/A, que é a operadora (o STJ, aliás, volta a julgar o recurso dos fundos nesta quarta, 16). As decisões da operadora, portanto, não estão vindo dos controladores. Sacramento não recebe orientação dos fundos e do Citibank, principais acionistas da empresa.
O que não quer dizer que fundos e Citi não tenham a mesma preocupação. Uma eventual venda da empresa para a Vivo seria uma das únicas alternativas de saída para os sócios da Telemig, além da possibilidade de fusão com outras operadoras móveis como a BrT GSM ou TIM, ou ainda a mais remota hipótese de venda para a claro. Isso talvez explique a sua disposição de brigar manifestada por Sacramento, a fim de evitar que a Vivo entre no Estado de outras maneiras. Esse parece ser um dos poucos casos em que os interesses do Opportunity, do Citibank e dos fundos tendem a convergir ainda que, de novo, segundo apurou este noticiário, a posição da Telemig operadora não reflita ordem dos controladores.