(Atualizada às 15:00 de 13/03) O balanço do Grupo Globo referente a 2018, publicado pela empresa nesta terça, dia 12, mostra aumento de receitas e, ao mesmo tempo, aumento do resultado operacional negativo da controladora (TV Globo e operações de Internet). No consolidado do grupo (que inclui empresas como a Globosat) a receita operacional foi positiva, mas houve uma redução expressiva em relação a 2017.
Em 2018,conforme o balanço, o resultado operacional da controladora foi negativo em R$
530 milhões, contra um resultado negativo de R$ 83 milhões em 2017.Considerando todo o grupo, a receita operacional foi positiva em R$ 1 bilhão noano de 2018, uma queda em relação aos R$ 1,8 bilhão registrados no mesmoperíodo de 2017 para todo o grupo.Os dadosda controladora mostram expansão da receita líquida de R$ 9,8 bilhões em 2017para R$ 10 bilhões em 2018. No consolidado do grupo, a receita líquida passoude R$ 14,8 bilhões para R$ 14,7 bilhões, uma pequena queda. Em receitasfinanceiras, houve um expressivo aumento na controladora: de R$ 585 milhões em2017 para R$ 930 milhões em 2018. No consolidado do grupo, as receitasfinanceiras saltaram de R$ 943 milhões para R$ 1,06 bilhão em 2018.
Houve aumento dos custos de maneira geral, o que pesou no resultado operacional negativo da controladora (TV aberta e Internet): as despesas passaram de R$ 7,6 bilhões em 2017 para R$ 8,3 bilhões em 2018. No consolidado do grupo, o aumento dos custos foi de R$ 9,8 bilhões em 2017 para R$ 10,9 bilhões em 2018.
Com isso,e com o aumento também das despesas financeiras, o Grupo Globo viu uma queda nolucro. O resultado consolidado do grupo em 2018 foi de R$ 1,2 bilhão, contra R$1,85 bilhão em 2017. Após os ajustes contábeis e consolidação de outrosresultados, o resultado final declarado em balanço do grupo foi de R$ 1,36bilhões.
Análise
A piora no resultado operacional na controladora (que inclui a TV Globo e outras unidades de negócio, como Globoplay e Som Livre) era esperada, em função das despesas de direitos esportivos e custos operacionais referentes à Copa de 2018. Além disso, houve grandes investimentos em conteúdos e plataforma tecnológica para o Globoplay, o que pesou no resultado operacional negativo. Foi o segundo ano que a controladora apresentou resultado operacional negativo. Mas o aumento de receita de vendas e publicidade da TV é uma boa notícia para o grupo, que via esse resultado em retração nos anos anteriores. Esta melhora pode vir de duas fontes: aumento nas vendas de publicidade e aumento do licenciamento de conteúdos. Lembrando que a TV Globo vende seus conteúdos internacionalmente e, no Brasil, comercializa seu sinal para operadoras de TV paga nas cidades em que o sinal da TV aberta está digitalizado. Também existe uma parte significativa dos conteúdos dos canais Globosat que é fornecida pela TV Globo mediante remuneração.
Destaque-se que houve uma pequena queda de receitas das empresas consolidadas, o que pode refletir mais uma vez a retração no mercado de TV paga. No entanto, a queda foi de R$ 100 milhões, contra R$ 531 milhões entre 2016 e 2017. Ou seja, houve uma desaceleração na perda de receitas destas empresas. Mas de 2017 para 2018, o Grupo deixou de consolidar os resultados da Editora Globo e ZAP. Importante destacar que, do ponto de vista do lucro bruto do grupo (olhando-se apenas os resultados operacionais, não as receitas financeiras), as empresas que entram no resultado consolidado (sendo a principal delas a Globosat) contribuem com 54% enquanto a TV Globo e as operações de Internet (controladora) entram com o restante do resultado.
Vale destacar ainda que o Grupo Globo não distribuiu dividendos no ano de 2018 aos seus acionistas, o que contribuiu para assegurar o colchão financeiro e a melhora nas receitas financeiras. Em 2017 a distribuição de dividendos já havia ficado bastante reduzida em comparação com os anos anteriores, quando boa parte do lucro costumava ser repassado aos acionistas. Ou seja, o grupo Globo tem mantido um regime de austeridade. Em relação ao resultado final positivo de R$ 1,36 bilhão, apesar de menor do que em 2017, ainda é muito expressivo no contexto dos demais grupos de mídia nacionais.