Mobile Connect volta a ser promessa de receita para operadoras

A iniciativa setorial Mobile Connect, tecnologia de autenticação que utiliza a numeração celular apresentada há três anos, ainda é uma promessa. Segundo dados da associação global de operadoras (GSMA), são atualmente 67 milhões de usuários no mundo, sendo 16 milhões ativos. Porém, as operadoras enxergam uma oportunidade para capturar novas receitas – só há um consenso de que é necessária a cooperação total.

Para o CTO da AOL (grupo da tele Verizon), William Pence, o momento atual é de ponto de inflexão, uma vez que as operadoras têm nas mãos um processo de simplificação e segurança para autenticação e integração de serviços. Mas, sobretudo, há a oportunidade de substituir a publicidade direcionada com dados mais confiáveis do que os cookies de navegador de Internet. "A identidade está quebrada hoje. Tem tanta fadiga de senhas que isso leva a um problema de engajamento", afirmou ele durante seminário na Mobile World Congress nesta segunda, 27, em Barcelona.

A AOL está com um piloto nos Estados Unidos, mas ainda falta a adesão de outras teles. "A janela de oportunidade é bem pequena, e isso terá que ser feito entre todas as operadoras, se não, ficará desfuncional", declara. O chairman da GSMA, e ex-conselheiro da Telenor, Jon Fredrik Baksaas, acredita que na primeira fase não deveria ser focada na monetização dos dados, mas na construção da base e validação da ferramenta. "É importante demonstrar a plataforma antes", diz. Até por isso, ele acredita que eventuais barreiras de regulação acompanhariam a evolução da plataforma. "A regulação gradualmente será colocada, e as regras vão tentar limitar ao máximo o uso ruim", destaca.

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Casos internacionais

Há casos de uso em países desenvolvidos e emergentes. Na Coreia do Sul, a SK Telekom tem atualmente 62 milhões de autenticações com o Mobile Connect por mês realizadas por uma base de 5,2 milhões de usuários. O vice-presidente sênior da divisão de negócios e de IoT, Ian Huh, explica que o importante é reduzir o atrito na adoção do sistema, e que a plataforma oferece oportunidades de fluxo de receita interessantes. "Mesmo sendo responsável pela área de IoT, isso (o Mobile Connect) é muito mais lucrativo para nós", diz.

A operadora paquistanesa Jazz também aprova a plataforma, mas com um foco especialmente no cliente desbancarizado. De acordo com o CEO da empresa, Aamir Ibrahim, a companhia conta com 20 milhões de carteiras virtuais móveis (mobile wallets) que geram um total de 520 bilhões de rúpias paquistanesas em transações por trimestre. A base do mercado é de 37 milhões de usuários de smartphones, e 140,2 milhões de acessos. A totalidade dessa base de celulares no Paquistão passou por um cadastramento biométrico, e o sistema utiliza esse banco de dados do governo. "Temos identificação com dados nacionais e pagamos cerca de 15 centavos (por transação), então é uma decente fonte de recursos para o governo", declara, adicionando que isso pode ajudar na regulação. É um jogo de ganha-ganha, segundo Ibrahim. "Se pega o (uso de dados de) comportamento, isso é basicamente a minha 'vaca leiteira'. Com isso, a taxa de telefone acabaria em dez anos, e nos permite transformar para o mundo digital", destaca.

Na operadora turquia Turkcell, há 1,6 milhão de usuários registrados e ativos. Segundo explica o diretor de serviços big data e comunicações digitais, Burak Akinci, o resultado foi conseguido com simples mudança de nome (para "fast connect") e reposição do Mobile Connect como primeira opção. "Isso fez crescer em 80% a taxa e registros, e com isso, conseguimos ir a uma taxa de conversão de 30%."

* O jornalista a Barcelona viajou a convite da FS.

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