Mirando o atendimento de aplicações de Internet das Coisas (IoT) para o agronegócio, a empresa de satélites de baixa órbita Sateliot está negociando parcerias com duas operadoras brasileiras e espera celebrar os acordos até o final do ano.
A espanhola participou nesta terça-feira, 31, do Congresso Latinoamericano de Satélites (organizado por TELETIME e Glasberg Comunicações). Na ocasião, o diretor de operações (COO) da Sateliot, Gianluca Redolfi, classificou o Brasil como um mercado chave para a operação.
A abordagem comercial, contudo, não será diretamente ao consumidor final, mas através de parcerias com as teles consolidadas. A ideia é que a Sateliot possa oferecer uma extensão de cobertura para clientes IoT destas operadoras.
Para habilitar a proposta, o primeiro nano satélite para IoT da constelação foi colocado em órbita no último mês de março. Redolfi explicou que o serviço utilizará Narrow Band IoT (NB-IoT), valendo-se de adaptação na padronização para conectividade não terrestre (o chamado NB-IoT NTN).
Dessa forma, usuários poderiam ser atendidos tanto via sinal terrestre quanto satelital sem necessidade de aparelhos distintos ou gateway adicional. No Brasil, o planejamento da empresa ao lado das parceiras ainda não anunciadas teria avançado bastante nos últimos meses, segundo Redolfi.
Integração
Pesquisadora da PUC/RJ, Marta Pudwell Almeida notou que uma integração cada vez maior das soluções de conectividade satelital e terrestres vem sendo experimentada para permitir o atendimento de demandas específicas. A própria acadêmica tem coordenado uma integração no projeto Campo Conectado, aliando tanto uma rede LoRa da American Tower quanto conectividade satelital da Telespazio em piloto para a região da Fazenda Macuco, no Mato Grosso.
Já o VP da Gilat para América Latina, Tobias Dezordi, vê um campo fértil no País para redução do gap de conectividade na fronteira agrícola. Além da redução do custo de tecnologias e da integração de diferentes tipos de serviço, o executivo vê as associações lideradas por operadoras de telecom e empresas do agro como um potencializador.
Também presentes no debate, representantes da cadeia agrícola reforçaram a necessidade de avanços na área – uma vez que 70% das propriedades rurais brasileiras não contariam com conectividade.
Coordenador de inovação aberta do Ministério da Agricultura, Felipe Trento notou que a mudança no panorama beneficiaria não apenas produtores rurais, mas também players de fora da porteira e foodtechs. Já o consultor da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Carlos Marsiglia, pontuou que a entidade está mapeando provedores aptos ao atendimento de demandas do setor.