Há uma janela para investimentos em médias operações de TV por assinatura no Brasil. Esta é a conclusão de consultores e investidores que falaram durante o Congresso ABTA 2012 nesta terça, 31, em São Paulo. Segundo Marcelo Di Lorenzo, do 3i Group, investidor da operadora Blue Interactive, esta janela é curta e o mercado investidor pode se beneficiar dela se encontrar empresas "com capacidade de execução e a agilidade de quem quer ser consolidador". Esta janela, explica o executivo, fica aberta durante o período em que os grandes operadores têm que se concentrar nos grandes centros, deixando as cidades médias "descuidadas". "Em algum momento, eles vão atrás deste novo mercado", diz.
Di Lorenzo diz que a demanda por banda larga é crescente nos mercados menores, com o aumento do e-commerce e do e-learning. "Há uma demanda reprimida e baixo padrão de qualidade", afirma. Para ele, a qualidade de gestão, associada a uma infraestrutura robusta e atualizada, permite expandir o serviço a cidades próximas às das atuais operações. Ele acredita que haverá uma concentração, com empresas pequenas buscando se unir a empresas médias para poder competir. "Podemos ter uma empresa (de triple play) com capital aberto no Brasil", aposta.
Crescimento
Renato Pasquini, team leader da Frost&Sullivan, diz que a consolidação do mercado, as mudanças regulatórias e novos pacotes com IPTV devem ajudar a desenvolver o mercado no País. Segundo ele, o Brasil deve chegar a 59,9% de penetração do serviço de TV por assinatura até 2017. Hoje a penetração é de 21,4%.
Embora preveja uma queda ainda mais substancial nos preços do serviço de TV paga praticados no Brasil, ele acredita que devem surgir oportunidades com a oferta de serviços adicionais. Ele lembra que já há pacotes por R$ 29,90 no Brasil, mas aponta que no México, a Dish tem pacote pelo equivalente a R$ 14,40. Esta queda deve ser empurrada pelas maiores operadoras, que têm escala. Além disso, para esta faixa de preço, é preciso deixar de subsidiar os set-top boxes e fidelizar o cliente por tempo maior, 18 meses. As oportunidades que surgem são com serviços adicionais como DVR em nuvem, TV everywhere e quadruple play.
Cautela
Luís Lora, analista de telecom e diretor do banco BNP Paribas, se diz cautelosamente otimista com o mercado brasileiro. Segundo ele, há perspectivas de crescimento, sobretudo nas diferentes realidades regionais. No entanto, qualquer entrante terá de concorrer com os grandes players. "O entrante não consegue competir nos pacotes básicos, mas pode disputar o pacote premium", diz. Para isso, destaca, precisa de um trilpe play robusto e acompanhar de perto o mercado regional. "Fora dos grandes centros, a renda começa a crescer", destaca.
Lora aposta no crescimento do mercado, mesmo que a velocidade de ampliação da base de assinantes caia. "Há uma demanda por serviços que ainda está reprimida. As pessoas que já assinam, gostariam de migrar para pacotes mais caros", diz. Di Lorenzo, do 3i Group, concorda que pode haver uma redução na evolução da base de assinantes no Brasil. "O crescimento de 7,5% ao ano não é sustentável. Essa pausa será saudável para que o setor se estruture", diz.