A Nokia reviu para baixo suas projeções de resultados do segundo trimestre. Em comunicado enviado ao mercado, a fabricante finlandesa informou que a receita com terminais e serviços no período entre abril e junho ficará "substancialmente abaixo" da expectativa anterior, que era entre 6,1 e 6,6 bilhões de euros. A margem de lucro nas vendas desse segmento também foi revista: em vez de algo entre 6% e 9%, ela ficará um pouco acima do break-even. A empresa comunicou que não são mais válidas as projeções de que o terceiro trimestre seria tão bom em receita quanto o segundo e que o quarto trimestre seria melhor que o terceiro. A previsão de margem de lucro de 6% a 9% durante o ano todo de 2011 para o segmento de terminais e serviços também está descartada. Como consequência do anúncio, as ações da Nokia despencaram na bolsa de valores de Nova York. No fim da manhã desta terça-feira, os papéis registravam queda de 17%.
As razões apresentadas para a revisão das projeções foram: a competição e novas dinâmicas de mercado em todas as categorias de preço, especialmente nos mercados chinês e europeu; uma guinada em direção a aparelhos com menor preço e menor margem; táticas de preço implementadas pela Nokia e por "alguns de seus competidores".
A Nokia afirma que continua comprometida a reduzir em 1 bilhão de euros no ano de 2013 os seus gastos na divisão de terminais e serviços, em comparação com 2010. A empresa corre para lançar no quarto trimestre seu primeiro smarpthone com Windows Phone 7 e espera elevar sua margem para acima de 10% após concluir a transição pela qual a companhia passa.
Para analistas, a dor de cabeça da Nokia provém de quatro fatores combinados: mau posicionamento estratégico no segmento de smartphones, no qual insistiu mais tempo do que devia com o Symbian e demorou para aperfeiçoar sua tecnologia de touch screen; agressividade comercial da Samsung, que vem baixando seus preços para ganhar share; crescimento das vendas de celulares no mercado negro para o usuário low end, onde a Nokia é tradicionalmente forte; pressão de preços de smartphones Android, cada vez mais baratos.
A esperança recai toda sobre a aliança com a Microsoft e a migração para um portfólio com Windows Phone, cujo primeiro modelo deve chegar no último trimestre. Há grande expectativa em torno desse lançamento, que precisa ser, ao mesmo tempo, inovador e ter uma boa relação custo/benefício, para voltar a impulsionar os negócios da Nokia, avaliam analistas.