Labriola, do Grupo TIM: regulação de IA e telecom deixam Europa para trás

CEO da TIM, Pietro Labriola. Foto: Paulo Vitale/Divulgação

A Europa está ficando para trás dos Estados Unidos em temas como regulação de telecom e de inteligência artificial (AI) e precisa agir rápido para mudar o quadro. A opinião é do CEO do Grupo TIM (controlador da brasileira TIM), Pietro Labriola, que aposta no mercado mais globalizado como uma das avenidas de crescimento do setor.

"Os modelos de inovação hoje estão se tornando cada vez mais complexos de prever", disse o executivo em entrevista ao portal italiano CorCom publicada nesta última quinta-feira, 30.

"Nós nos encontramos em um contexto em que, comparado ao passado, o mercado é um mercado global. O ponto-chave é que se você trabalha em um mercado global não pode ter regras para diferentes continentes, porque isso não permite uma comparação correta e, portanto, você corre o risco de ter arbitragem nos modelos de inovação: vou inovar onde tenho menos regras", afirmou Labriola, ao periódico.

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Para o CEO da operadora, um dos exemplos vem do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O mandatário flexibilizou diversas regras para a implementação de Inteligência Artificial (IA) logo após retornar à Casa Branca.

"Hoje, Trump removeu todas as restrições ao desenvolvimento da Inteligência Artificial. Do ponto de vista ético, é certo ou errado? Não quero entrar em detalhes, mas se você fosse uma empresa e tivesse que investir seu capital em inovação, onde faria isso? Este é o principal ponto de atenção", ressaltou Labriola.

O executivo (que já liderou a TIM Brasil) ainda comparou as ações do presidente dos EUA à abordagem cogitada pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A avaliação é de reação considerada lenta para os desafios do Velho Continente.

"Depois de ser nomeado, Trump fez 70 regras em uma semana e mudou tudo. Nós nomeamos Ursula von der Leyen [para um novo mandato na Comissão em dezembro último]. Não quero ser presunçoso, mas acho que entendo de telecomunicações.  Encontrei-me com dois comissários da UE e disse: 'Temos esses problemas'. A resposta foi: 'Até janeiro de 2026 teremos algumas ideias'. O problema é que não estarei mais aqui janeiro de 2026, estarei morto", criticou.

Competitividade

"Se você se encontra, como nós, uma empresa que tem quase 100 anos, com 17 mil funcionários hoje e uma série de regras e restrições para poder fazer as coisas, regras que são impostas na Europa e na Itália e tenho para competir com indivíduos que talvez estejam nos Estados Unidos e não estejam sujeitos às mesmas regras, o ponto é bastante claro", prosseguiu Labriola.

Neste sentido, o executivo também ponderou sobre o foco em modelos de desenvolvimento e bem-estar em nações do continente europeu. Na sua avaliação, "países como Itália, França, Espanha e Alemanha, que têm uma cultura profunda de bem-estar e de proteção ao emprego, não conseguem competir com países como Grã-Bretanha e Estados Unidos, onde o liberalismo e a 'destruição criativa' também se baseiam em regras de máxima flexibilidade".

"No Reino Unido, por exemplo, a British Telecom passou por dificuldades financeiras e demitiu 40 mil pessoas no ano passado sem grande repercussão na mídia ou no parlamento, pois compete com empresas que operam sob diferentes condições", afirmou.

Sparkle

Em dezembro, o Grupo TIM ampliou até meados do mesmo mês o prazo para uma oferta vinculante do governo da Itália e da operadora Retelit pela Sparkle, a unidade de infraestrutura internacional da companhia. Na semana passada, a tele voltou a adiar a decisão sobre a oferta de 700 milhões de euros pela companhia. Agora, a nova data foi remarcada para 15 de março.

"Sobre essas coisas, não brincamos. Somos uma empresa listada na Bolsa, estamos em discussões com o governo. Então, tentamos nos manter nas dinâmicas reais de negócios, não perseguimos coisas que não existem", disse Labriola, ao CorCom. Unidade de infraestrutura internacional da operadora, a Sparkle atua também no Brasil.

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