Estados Unidos querem domo antimísseis com interceptadores no espaço

Star Wars Foto: Pixabay

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta semana uma ordem executiva determinando a construção um escudo antimísseis equipado com interceptadores espaciais e com um sistema de satélites contra ameaças hipersônicas e balísticas.

Chamado por enquanto de Domo de Ferro da América (inspirado no sistema de defesa utilizado por Israel), a ordem do projeto multibilionário instrui o Departamento de Defesa dos Estados Unidos a avançar com o desenvolvimento do escudo e submeter um plano com proposta de arquitetura no intervalo de dois meses. 

Entre os aspectos expressamente exigidos pela Casa Branca estão a aceleração do desenvolvimento e do lançamento de interceptadores espaciais (ou SBIs, na sigla em inglês). A ideia é que tais sistemas de defesa posicionados em órbita tenham a capacidade de interceptar ataques de inimigos. 

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Além disso, a ordem executiva da Casa Branca também determina a aceleração do lançamento de sensores espaciais de rastreamento de mísseis hipersônicos e balísticos (HBTSS, na sigla em inglês). Trata-se de um sistema de satélites para detectar ameaças hipersônicas e balísticas em tempo real; a tecnologia já tem movimentado esforços de governo e fabricantes nos Estados Unidos.

"Eu darei instruções aos nossos militares para começar a construção do grande escudo de defesa antimísseis Domo de Ferro, que será todo feito nos Estados Unidos", afirmou Trump pouco antes de assinar a ordem. Ainda não há data para o início da construção, mas o projeto deve ser incluído no orçamento do próximo ano fiscal de 2026 – estima a Casa Branca. 

Em comunicado, a Casa Branca informou que essa ordem executiva inclui uma revisão da estratégia de defesa antimísseis para proteger as tropas americanas no exterior. Além disso, prevê o "fortalecimento da cooperação" com aliados no desenvolvimento, aprimoramento e operação de tecnologias de defesa antimísseis.

Sustentabilidade espacial

Esse tipo de projeto pode recrudescer discussões sobre a sustentabilidade espacial – bem como preocupações com o aumento de detritos que podem prejudicar satélites comerciais. O Brasil, por exemplo, é uma das nações que mais debatem a sustentabilidade no espaço

A questão da governança espacial também deve entrar em voga. Em dezembro do ano passado, por exemplo, a Secure World Foundation (SWF) publicou uma declaração criticando a militarização do espaço e apelando em  carta para que mais países se comprometam com a Resolução 77/41 das Nações Unidas, como forma de prevenir uma corrida armamentista no espaço e a criação de detritos espaciais que possam ameaçar a sustentabilidade das atividades espaciais.

Em paralelo, o desenvolvimento de novas armas antissatélite por demais nações como a Rússia também tem reacendido temores de um conflito no espaço, com riscos associados ao satélites e outros ativos.

Reação da Rússia

A Rússia foi o primeiro país a criticar diretamente o plano americano. Nesta sexta-feira, 31, o Ministério das Relações Exteriores russo condenou o projeto do Domo de Ferro. Para o Kremlin, o sistema de defesa ordenado por Trump militariza o espaço.

"Nós consideramos esse projeto como mais uma confirmação de que o foco dos EUA é em transformar o espaço em uma arena de conflito armado, colocando armas lá. Essa abordagem não contribui para a redução das tensões na esfera estratégica", disse a porta-voz do Ministério russo, Maria Zakharova.

Zakharova disse que o plano dos EUA aumentaria o poder de intimidação de Washington a um nível "comparável" com o polêmico programa militar proposto pelo ex-presidente americano Ronald Reagan nos anos 80 que ela chamou de "odioso". Segundo ela, o principal objetivo dessa medida é "enfraquecer as capacidades de defesa estratégica da Rússia e da China".

(Colaborou Henrique Julião)

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