A Dell impulsionou R$ 27,4 bilhões na economia brasileira e contribuiu com R$ 9,19 bilhões no PIB nacional em 2023. Foi o que revelou um estudo recente da S&P Global, que avaliou o impacto econômico das operações da companhia no País e em toda a sua cadeia de fornecedores brasileiros.
"Deixamos um impacto positivo ao longo de toda cadeia, não só da cadeia de tecnologia", defendeu o presidente da Dell Technologies Brasil, Diego Puerta, em evento nesta quarta-feira, 30.
A companhia comemora 25 anos de atuação em terras brasileiras no próximo dia 3. Cerca de 90% dos produtos da Dell vendidos em território nacional são fabricados aqui mesmo. Ao todo, estima-se que a empresa mantém cerca de 101 mil empregos no Brasil. "O consumidor brasileiro é melhor servido por ter essa fábrica dedicada aqui", afirmou Puerta.
Telecom
A Dell vem apostando no desenvolvimento da inteligência artificial, que foi o grande tema do evento, inclusive no mercado de telecomunicações. A empresa está trabalhando em parcerias com outras grandes empresas de tecnologia como a Intel e a Nvidia, de olho em soluções que agreguem edge computing, IA e conectividade.
"Telco (telecomunicações) continua sendo uma área em que acreditamos e investimos muito, até porque acreditamos que os dados vão ser cada vez mais concentrados na borda", declarou Diego Puerta. Essa tendência de expansão de edge computing já vem sendo percebida pela empresa há algum tempo.
IA e cultura
Diretora sênior do Centro de Inovação e IA da Dell Technologies, Ana Oliveira, trabalha há 12 anos no desenvolvimento de inteligência artificial da empresa. Hoje seu grupo conta com cerca de 57 pessoas sob sua liderança. "Somos o maior beneficiário da Lei de Informática e usamos isso para alavancar e melhorar a tecnologia", afirmou.
Em Fortaleza, por exemplo, a empresa trabalha em projetos desenvolvidos no Centro de Inovação, Pesquisa e Desenvolvimento, conhecido como LEAD, e criou a Fábrica de Sinais, ferramenta colaborativa online para ajudar a comunidade surda com a criação de novos sinais relacionados a palavras do ambiente de tecnologia.
"Eu estive recentemente na fábrica e vi que pessoas com deficiência auditiva podem fazer todos os processos de recursos humanos na empresa utilizando um painel integrado a uma câmera que interpreta os sinais livres", destacou.
Na visão da empresa, a IA é uma ferramenta que acelera resultados. Mas o foco deve passar pelas pessoas. Diego Puerta explica que é preciso desenvolver uma cultura em que as pessoas entendam e busquem contar com o potencial da ferramenta.
"A inteligência artificial não é um inimigo, não é concorrente. É uma ferramenta que expande as nossas capacidades e possibilidades. Essa cultura precisa ser implementada na empresa, ou seja, todo mundo tem que seguir o processo para entender como fazer a implementação bem sucedida", argumenta.
Governo
Da perspectiva do governo brasileiro, o objetivo com o estímulo ao desenvolvimento com soluções de IA é "beneficiar a população na ponta", segundo o coordenador geral de Tecnologias Digitais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Guilherme Corrêa. Ele marcou presença no evento da Dell nesta quarta-feira.
Para colocar em prática o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, em sua opinião, o que falta é uma maior "eficiência burocrática". Ele expõe que há recursos provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico Tecnológico (FNDCT), que encaminhou cerca de R$ 12 bilhões e deve encaminhar R$ 20 bilhões, para Ciência, Tecnologia e Inovação; e que também há vontade política, já que o Presidente da República tem realizado encontros com representantes de outros países para tratar da inteligência artificial.
"Há vontade do corpo técnico desde o Ministério até o Presidente da República para fazer com que o plano aconteça. Acho que falta eficiência na burocracia para que os recursos cheguem na ponta, nas Universidades, nos centros de P&D de uma empresa", alega.
Para Corrêa, falta ainda também explorar mais o "recurso humano", "os cérebros" brasileiros. "Temos cérebros que são elogiados no mundo todo, temos que aproveitar".
Além desse potencial, ele vê com bons olhos a diversidade que se estende até aos dados no País, e que são um dos focos ao tratar de IA. "No Brasil, temos essa miscigenação de raças e culturas, que torna os nossos dados apropriados para uso no mundo todo". Isso, segundo ele, pode colocar o Brasil na posição de um player importante.