A Motorola tem apenas um modelo de celular 3G no Brasil e pretende lançar apenas mais um até o final do ano. A estratégia contrasta com a dos seus principais concorrentes que já têm um número de modelos bem maior no Brasil. A Nokia tem 18 modelos, Samsung tem cinco e Sony Ericsson tem nove. De acordo com José Marco, gerente de marketing técnico da Motorola, a fabricante está esperando o mercado brasileiro "amadurecer" para ampliar o número de modelos. Além disso, segundo o executivo, a empresa não pretende trazer aparelhos de terceira geração sem alguma aplicação na qual os usuários possam perceber o valor da tecnologia. "Simplesmente vender 3G por 3G não significa muito para o usuário", diz ele. O aparelho Z10 – que deve chegar até o fim do ano – permite que o usuário faça o upload de fotos os vídeos diretamente do celular para blogs ou redes sociais da internet.
A companhia anunciou nesta quinta-feira, 30, que começou a embarcar mais três novos modelos de celulares 3G para "alguns mercados chave". José Marco diz que para 2009 novos modelos virão, mas a empresa ainda não definiu quantos.
Se a Motorola não tem apostado suas fichas na terceira geração, é notável que o mesmo não acontece com os modelos orientados à música, que é um dos segmentos que mais cresce em volume de vendas no Brasil, onde a companhia tem um vasto portfolio. Marco nega que a pouca presença no segmento de 3G esteja relacionada com o mal momento que a empresa vive no mundo. "Na América Latina como um todo a Motorola está bem posicionada e no Brasil somos um dos líderes, segundo a Nielsen", diz ele.
Balanço
Se os negócios estão indo bem na América latina, o mesmo não se pode dizer no âmbito global. De acordo com o balanço da companhia, divulgado nesta quinta-feira, 30, o setor de terminais teve receita de US$ 3,1 bilhões, cifra 31% menor que o mesmo período do ano passado. A companhia embarcou 25,4 milhões de aparelhos no período, volume ligeiramente menor que os 27,7 milhões reportados pela Sony Ericsson. Assim, a Motorola acaba de perder a terceira posição no ranking mundial de vendas para a concorrente.
A divisão de aparelhos móveis registrou receita de US$ 3,1 bilhões, volume 31% que o terceiro trimetre do ano passado. O segmento reportou um prejuízo operacional de US$ 840 milhões, ante US$ 248 milhões na comparação anual.
A companhia como um todo teve vendas de US$ 7,5 bilhões, ante US$ 8,8 bilhões em igual período do ano passado. O prejuízo líquido ficou em US$ 397 milhões no terceiro trimestre, comparado a um lucro de US$ 60 milhões no ano anterior. A empresa anunciou que pretende adiar para 2010 a separação da unidade de terminais móveis, o que estava previsto para acontecer no terceiro trimestre de 2009. Na tentativa de melhorar os resultados, a Motorola também anunciou a implementação de um programa de redução de custos com a meta de alcançar uma economia de US$ 800 milhões em 2009.